Hunter, o Biden dos negócios obscuros, das drogas e das mulheres
Negócios obscuros, drogas e mulheres. Hunter Biden tem levado uma vida turbulenta sob a sombra dupla de seu pai, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, e a de seu irmão mais velho Beau, que morreu de câncer em 2015.
Seus problemas o tornam um alvo para os adversários de Biden, e é pouco provável que os ataques terminem com o acordo de culpabilidade que ele firmou com o Departamento de Justiça para evitar a prisão por acusações de evasão fiscal e porte ilegal de armas.
Agora que o presidente democrata tenta a reeleição, os republicanos, em particular Donald Trump, acusam pai e filho de faturarem milhões de dólares através dos negócios de Hunter na China e Ucrânia.
Se alguns veem Hunter, de 53 anos, como a maçã podre da família, seu pai sempre o apoiou.
Perguntado nesta terça-feira (20) sobre a declaração de culpabilidade de Hunter, o presidente disse que estava "muito orgulhoso" de seu filho.
- Álcool e crack -
Hunter graduou-se na Faculdade de Direito de Yale e alternou entre trabalhos no governo, no setor financeiro e em grupos de lobby antes de abrir sua própria consultoria de negócios internacionais no fim da década de 2000.
Mas sua vida acabou ficando manchada por problemas com alcoolismo e a dependência em crack, intercalados com períodos de reabilitação.
Hunter associa seus vícios ao acidente automobilístico em que morreram sua mãe e irmã, em 1972, quando ele tinha três anos e no qual sofreu traumatismo craniano.
Depois disso, em quase todas as oportunidades Joe falava da perda de seu filho, gerando empatia com outras pessoas que também tinham perdido seus filhos. Enquanto isso, Hunter raramente era mencionado.
Em suas memórias, Hunter escreveu que, depois da morte de Beau, seu consumo de drogas aumentou, chegando ao fundo do poço quando seu pai deixou a vice-presidência, em 2017.
Seu casamento veio abaixo e ele perdeu a guarda de suas três filhas. Ele teve um caso com a viúva de Beau, teve um filho com outra mulher no Arkansas que o processou e, depois, viu os adversários de seu pai tornarem públicos os arquivos, e-mails e fotos de seu laptop.
Também foi investigado pelo Departamento de Justiça pelos milhões de dólares que ganhou com investimentos no exterior.
Joe Biden sempre o apoiou publicamente, como fez durante um debate acalorado com Trump antes das eleições presidenciais de 2020, quando disse que estava "orgulhoso" dele.
"Meu filho, bem como muita gente... Tinha um problema com as drogas", disse Joe Biden na televisão nacional. "Ele superou, deu um jeito, trabalhou nisso. E estou orgulhoso dele. Tenho orgulho do meu filho", afirmou.
- 'Nunca me julgou' -
Em seu livro de memórias "Beautiful Things" (2020), Hunter conta os dias em que passava bebendo vodca no gargalo, vagando durante a noite por bairros perigosos em busca de crack e muitas tentativas fracassadas de se desintoxicar.
Ele conta que, em 2019, conseguiu se recompor após uma intervenção de seu pai e de sua segunda esposa, Melissa.
A única coisa que o ajudou, escreveu, foi o amor incondicional de seu pai. "Ele nunca me abandonou, nunca me rejeitou, nunca me julgou, não importa quão ruins as coisas tenham ficado".
"Houve momentos em que sua persistência me enfurecia: quando eu tentava me afundar no álcool e nas drogas, lá estava ele, aparecendo de novo com sua lanterna, iluminando, interrompendo meus planos de sumir", disse.
Hoje Hunter afirma que está limpo.
Ele teve um filho com Melissa, que batizou de Beau.
Dedicou-se à pintura, embora isso tenha causado uma nova polêmica quando colecionadores anônimos compraram suas obras por centenas de milhares de dólares.
Além disso, com o caso federal que pesa sobre si, as perguntas a respeito de seus negócios não vão desaparecer, pois é esperado que seu pai enfrente novamente Trump nas eleições de 2024.
No mês passado, os republicanos no Congresso acusaram a família Biden de receber mais de 10 milhões de dólares (R$ 48 milhões, na cotação atual) dos acordos comerciais de Hunter, embora tenham oferecido poucas provas.
"Hunter Biden e seus associados buscavam negócios em países que se correlacionavam diretamente com o trabalho de Joe Biden como vice-presidente", disse o presidente do Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes, James Comer.
Tanto Joe quanto Hunter Biden negam as acusações.
A.Sandoval--LGdM