Rússia afirma que matou dois generais da Ucrânia, que reivindica avanços na frente leste
A Rússia afirmou nesta quinta-feira (29) que um bombardeio em Kramatorsk matou dois generais e quase 50 oficiais da Ucrânia, que reivindicou novos e lentos avanços na frente leste, cenário de uma batalha extremamente violenta.
"Avançamos nas proximidades de Bakhmut e prosseguimos. Estamos nos movendo", anunciou o comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Sirski, no Telegram.
O exército ucraniano ataca há várias semanas os flancos de Bakhmut, epicentro dos combates na região do Donbass, avançando aos poucos. A cidade está sob controle das tropas russas desde maio.
"Nossas tropas estão lutando por cada metro de terra do inimigo nesta batalha feroz. Estão progredindo", afirmou a vice-ministra ucraniana da Defesa ucraniana, Ganna Maliar.
A Ucrânia, que recebeu equipamentos das potências ocidentais, afirma que recuperou dezenas de localidades desde o início de junho, em uma contraofensiva diante de tropas russas que prepararam sua defesa há meses, com trincheiras e campos minados.
- Putin recebe apoio -
A Rússia afirmou que matou dois generais ucranianos no bombardeio desta semana na cidade de Kramatorsk, leste do país.
"Após um ataque de alta precisão (...) dois generais, quase 50 oficiais do exército ucraniano e até 20 mercenários e instrutores militares estrangeiros que participavam em uma reunião foram eliminados", informou o ministério russo da Defesa em um comunicado.
A nota não explica se o ataque foi o bombardeio de terça-feira que deixou 12 mortos em um restaurante de Kramatorsk.
O ataque também deixou 65 feridos, incluindo três colombianos.
As autoridades ucranianas afirmaram que os clientes no restaurantes Ria Pizza - muito frequentado por jornalistas, trabalhadores humanitários e militares - eram em sua maioria civis.
As autoridades russas se esforçam para apresentar uma imagem de normalidade e demonstrar que a ofensiva na Ucrânia não foi afetada pelo motim abortado do grupo paramilitar Wagner durante o fim de semana, que abalou o poder do presidente Vladimir Putin.
O chefe de Estado russo apareceu na quarta-feira à noite ao lado de dezenas pessoas durante uma viagem a Derbent, uma cidade do Cáucaso. Putin aceitou posar para ser fotografado, apertou as mãos e até beijou uma criança na cabeça.
"Houve uma demonstração incrível de apoio e de alegria por parte do povo de Derbent", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, com entusiasmo, nesta quinta-feira.
"O presidente não podia se negar a ir ao encontro do povo", acrescentou.
A AFP não conseguiu verificar o grau de espontaneidade da cena. Putin raramente aparece em reuniões populares, por razões de segurança e sanitárias.
Vários analistas e autoridades ocidentais afirmaram que o motim do grupo Wagner é um sinal de fragilidade de Putin.
Mas o enfraquecimento de Putin representa um "risco maior", afirmou nesta quinta-feira o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
"Temos que estar atentos às consequências. Agora temos que ver a Rússia como um risco, por causa da instabilidade interna", expressou o diplomata espanhol.
- Ucrânia espera sinal da UE e da Otan -
Na frente diplomática, o enviado do papa Francisco para a paz na Ucrânia, o cardeal Matteo Zuppi, reuniu-se em Moscou com a comissária russa para a Infância, Maria Lvova-Belova.
"Conversamos sobre questões humanitárias ligadas às operações militares e à proteção dos direitos das crianças", escreveu no Telegram a autoridade russa, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) pela suposta "deportação ilegal" de menores ucranianos.
Zuppi também planeja se reunir nesta quinta-feira com o patriarca Cirilo, líder da igreja ortodoxa russa e aliado de Putin.
A Ucrânia, que há 16 meses resiste à invasão russa, espera sinais dos aliados ocidentais sobre um apoio à adesão do país à UE e Otan.
"Chegou a hora de sermos claros sobre o ingresso da Ucrânia na aliança", tuitou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, depois de conversar por telefone com o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky pediu na quarta-feira sinais "concretos" da Otan na reunião de cúpula prevista para julho na Lituânia.
Os países aliados, no entanto, buscam uma linha comum sobre as garantias de segurança que estão dispostos a conceder a Kiev antes da eventual adesão. Um problema que os 27 países da UE também estão analisando.
X.A. Mendez--LGdM