Procurador-geral dos EUA nega parcialidade em investigações sobre Trump
O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, negou, nesta quarta-feira (20), as acusações dos republicanos que garantem que ele estaria beneficiando o filho do presidente democrata Joe Biden e prejudicando o ex-presidente Donald Trump, que está sendo processado pelo Departamento de Justiça.
O presidente do Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos Representantes, Jim Jordan, acusou Garland, que também é secretário de Justiça, de ter contribuído para frear uma investigação sobre Hunter Biden.
Os republicanos afirmam, sem provas, que essa investigação poderia demonstrar que Biden obteve vantagens financeiras dos negócios de seu filho no exterior.
Jordan assegurou que, por outro lado, Garland influenciou na abertura dos dois processos federais contra Trump, que é o favorito para a candidatura republicana nas eleições presidenciais de 2024 e, portanto, o principal adversário de Biden.
"Há uma investigação que protege o presidente Biden, há outra que ataca o presidente Trump", disse Jordan.
Em uma audiência movimentada, Garland, que designou procuradores especiais para as investigações sobre Trump e Hunter Biden, negou taxativamente que a política ou a Casa Branca exercessem influência sobre suas decisões.
Negou interferências na decisão sobre se Hunter Biden se tornará réu e disse que isso cabe ao procurador especial David Weiss.
"Aplicamos as mesmas leis a todos", defendeu-se. "Nosso trabalho não é receber ordens do presidente, do Congresso ou de qualquer outra pessoa sobre quem ou o quê investigar criminalmente", acrescentou.
Uma das funções do Departamento de Justiça consiste em proteger as instituições democráticas e isso inclui "responsabilizar todos os criminalmente responsáveis pelo ataque de 6 de janeiro ao Capitólio", acrescentou, referindo-se ao julgamento de Trump e de centenas de seus simpatizantes pela invasão do Congresso em 2021.
- O filho do presidente -
Na semana passada, os republicanos da Câmara dos Representantes abriram uma investigação sobre Joe Biden para submetê-lo a um processo de impeachment.
Eles alegam, sem provas, que Biden se beneficiou diretamente dos milhões de dólares que seu filho obteve em negócios na China, na Ucrânia e em outros lugares quando era vice-presidente de Barack Obama e supervisionava as relações com Kiev.
A abertura dessas investigações é interpretada como uma tentativa de contrapor as consequências políticas dos dois processos criminais contra Trump, a cargo do procurador especial Jack Smith.
Trump enfrenta acusações penais na Flórida por ocultar documentos ultrassecretos e em Washington por ter tentado alterar os resultados das eleições americanas de 2020, que desencadearam o ataque ao Capitólio.
Garland, que foi indicado por Biden como procurador-geral, disse que não teve envolvimento em nenhuma das decisões de Weiss e Smith.
No mês passado, Weiss apresentou uma acusação contra Hunter Biden por adquirir ilegalmente uma arma de fogo em 2018, época em que ele enfrentava problemas com drogas, e também o investiga por possíveis fraudes fiscais relacionadas com seus negócios na Ucrânia e na China.
Mas Jordan e outros republicanos consideram que ele está sendo indulgente com o filho do presidente.
Garland, por sua vez, insistiu perante o comitê que as decisões de Weiss não lhe dizem respeito.
"Disse ao comitê que não interferiria. Deixei claro que Weiss teria autoridade para apresentar as acusações que considere oportunas", disse, reiterando que Weiss foi designado por Trump.
Garland advertiu ao colegiado que as acusações contra o Departamento de Justiça e contra os encarregados de fazer a lei ser cumprida têm consequências, e ressaltou que já houve ameaças reais contra funcionários da pasta.
"É perigoso", afirmou Garland. "Não vamos nos deixar intimidar. Faremos o nosso trabalho livres de interferências externas", acrescentou.
L.A. Beltran--LGdM