

Ex-presidente filipino Rodrigo Duterte foi entregue ao TPI, anuncia o tribunal
O ex-presidente filipino Rodrigo Duterte foi entregue ao Tribunal Penal Internacional (TPI), nos Países Baixos, informou o tribunal nesta quarta-feira (12), que emitiu uma ordem de prisão contra ele por supostos crimes durante sua campanha contra o tráfico de drogas.
O ex-presidente, de 79 anos, foi acusado pelo TPI de Haia de "crimes contra a humanidade" durante a repressão ao tráfico de drogas, que deixou dezenas de milhares de mortos, a maioria pobres, muitas vezes sem evidências de que estavam relacionados às drogas.
Gilbert Andres, advogado das vítimas da guerra contra o tráfico de drogas, disse à AFP do lado de fora do TPI que seus clientes estão "muito gratos a Deus porque suas orações foram ouvidas".
"A prisão de Rodrigo Duterte é um sinal forte para a justiça penal internacional. Significa que ninguém está acima da lei", acrescentou Andres.
Dezenas de apoiadores do ex-presidente se reuniram em frente ao tribunal, segurando faixas que diziam "Estamos com Duterte" e agitando bandeiras.
"Não há um processo regular", disse Duds Quibin, um auxiliar de saúde de 50 anos. "É um sequestro. Eles simplesmente o colocaram em um avião e o trouxeram para cá", acrescentou.
Na manhã desta quarta-feira, os advogados de Duterte entraram com um recurso na Suprema Corte das Filipinas em nome de sua filha mais nova, Veronica, no qual acusaram o governo de "sequestrar" o ex-presidente e exigiram seu retorno ao país asiático.
"O TPI só pode exercer sua jurisdição se o sistema legal de um país não estiver funcionando", disse o advogado Salvador Paolo Panelo Jr. aos repórteres, insistindo que o Judiciário filipino "está funcionando corretamente".
No entanto, a porta-voz presidencial Claire Castro afirmou que a cooperação com a Interpol é prerrogativa do governo.
"Não se trata apenas de entregar um cidadão filipino; trata-se de entregar um cidadão filipino que é acusado de crimes contra a humanidade, especificamente assassinato", frisou.
- Guerra sangrenta -
Nas Filipinas, em uma igreja perto de Manila, pessoas com parentes mortos na guerra às drogas discutiram a prisão.
"Duterte tem sorte, ele terá o devido processo", disse Emily Soriano em uma coletiva de imprensa organizada por grupos de direitos humanos.
"Não houve o devido processo para meu filho [Angelito]. Ele [Duterte] estará deitado em uma boa cama, meu filho está apodrecendo em um cemitério", ela reclamou.
Duterte foi preso na terça-feira de manhã depois que "a Interpol Manila recebeu a cópia oficial da ordem de prisão do TPI", disse o palácio presidencial.
Um porta-voz do TPI confirmou posteriormente a ordem e disse que uma audiência seria marcada quando Duterte estivesse sob custódia do tribunal.
O presidente Ferdinand Marcos anunciou a partida de seu antecessor na terça-feira à noite.
Mas a vice-presidente Sara Duterte, filha do ex-presidente, afirmou que seu pai estava sendo "levado à força para Haia" e chamou a transferência de "opressão e perseguição".
Apoiadores do ex-presidente consideraram a prisão "ilegal", enquanto opositores de sua guerra às drogas comemoraram.
"As mulheres cujos maridos e filhos morreram na guerra às drogas estão muito felizes", disse Rubilyn Litato, líder de um grupo de mães de vítimas da repressão.
"Elas esperaram muito tempo por isso", acrescentou.
L.A. Beltran--LGdM