Rede social X espera bloqueio 'em breve' no Brasil por ordem judicial
A rede social X, de propriedade do bilionário Elon Musk, afirmou nesta quinta-feira (29) que espera ser bloqueada no Brasil "em breve" por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, na mais recente queda de braço entre a Justiça brasileira e o magnata.
"Em breve, esperamos que o Ministro Alexandre de Moraes ordene o bloqueio do X no Brasil – simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos", disse a rede social, anteriormente conhecida como Twitter, em um comunicado.
A publicação ocorre um dia após Moraes ameaçar suspender a rede social e instar Musk a indicar "em 24 horas o nome e qualificação do novo representante legal do X no Brasil".
O descumprimento levaria à "suspensão imediata das atividades da rede social" no país, especificou o Supremo na quarta-feira em sua conta no próprio X.
A rede social anunciou em meados de agosto o encerramento imediato de suas operações no Brasil devido às ações de Moraes, mas que manteria seus serviços disponíveis para os brasileiros.
Até as 22h30 desta quinta-feira, o aplicativo e o site da rede social ainda funcionavam no Brasil, onde o serviço de mensagens criptografadas Telegram foi bloqueado temporariamente duas vezes, em 2022 e 2023, por se recusar a cumprir ordens judiciais.
"Para nossos usuários no Brasil e em todo o mundo, o X mantém seu compromisso de proteger sua liberdade de expressão", acrescentou a plataforma.
- 'O TWITTER MORREU' -
Musk respondeu à decisão judicial no próprio X, onde acusou o magistrado de ter "violado repetidamente as leis que jurou defender". Ele também publicou uma montagem fotográfica com uma mensagem sarcástica em que descreve Moraes como o filho de Voldemort e um cavaleiro Sith, em alusão aos vilões das sagas Harry Potter e Star Wars, respectivamente.
"Alexandre de Moraes é um ditador malvado que se faz passar por juiz", escreveu o empresário no X.
O anúncio do ministro causou euforia no Brasil, onde o X tem mais de 22 milhões de usuários, segundo o site especializado DataReportal.
Após a intimação de Moraes, a hashtag "O TWITTER MORREU" viralizou no X, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fixou uma mensagem em seu perfil na plataforma com os endereços de suas contas em outras redes sociais.
Usuários da rede social esperam com ansiedade o fim do prazo de 24 horas dado por Moraes, com vários deles anunciando que usariam redes privadas virtuais (VPN) para continuar tendo acesso à plataforma.
"Estou amando o drama de contar os minutos para que o Twitter caia. Como se um simples VPN não resolvesse tudo. Enfim, adeus, Twitter", escreveu um usuário.
- Outra sanção -
Musk critica e questiona com frequência as decisões de Alexandre de Moraes, que abriu uma investigação em abril contra o magnata, acusando-o de reativar contas cujas suspensões haviam sido ordenadas pela Justiça brasileira.
O empresário acusou o ministro de cercear a liberdade de expressão e de ameaçar prender seus funcionários.
Nos últimos anos, em nome da luta contra a desinformação, Moraes ordenou o bloqueio das contas de figuras influentes dos movimentos ultraconservadores brasileiros.
Ele fez isso principalmente após as tentativas dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, admirador de Musk, de desacreditar o sistema de votação eletrônica durante as eleições presidenciais vencidas por Lula.
Em abril, o X admitiu que usuários de várias contas bloqueadas conseguiram contornar as restrições.
Além disso, Moraes ordenou no início desta semana o bloqueio das finanças da empresa Starlink, também de propriedade de Musk, no Brasil para garantir o pagamento de multas impostas ao X por descumprimentos judiciais, segundo a empresa de internet via satélite mencionou mais cedo nesta quinta-feira.
"Eu sou dono de aproximadamente 40% da SpaceX (que deu origem à Starlink), então essa ação absolutamente ilegal do ditador @alexandre penaliza indevidamente outros acionistas e o povo do Brasil", disse Musk.
O bilionário garantiu que os mais de 250 mil clientes brasileiros da empresa provedora de internet via satélite receberão o serviço gratuitamente "até que o assunto seja resolvido".
R.Espinoza--LGdM