Petrobras encerra alinhamento internacional e reduz preços
A Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel nesta terça-feira (16), após anunciar o fim de sua política de preços vinculada às cotações internacionais, em linha com a intenção do presidente Lula de evitar prejuízos aos consumidores.
"O anúncio encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação [...] tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes", explicou a empresa em um comunicado.
Pouco depois, a Petrobras anunciou, em outra nota, a redução, a partir de quarta-feira, de 0,44 centavos no litro de diesel, que passará a custar 3,02 reais, e também de 0,40 centavos no litro de gasolina, que custará 2,78 reais, no preço médio para as distribuidoras.
A estatal também disponibilizou um desconto no botijão de gás de cozinha de 13 kg, que custará 32,96 reais, quando o frio começa em várias regiões do país.
Em sua campanha presidencial em 2022, Lula prometeu "abrasileirar" os preços da Petrobras, dependentes de uma política que, segundo ele, buscava agradar os acionistas em detrimento dos brasileiros.
Este mecanismo, implementado desde 2016, consistia em manter a paridade de preços do petróleo e combustíveis derivados com o mercado internacional e a evolução do dólar.
Em janeiro, após tomar posse, Lula designou o ex-senador Jean Paul Prates, homem de sua confiança, como novo presidente da companhia, com a aprovação da direção. Então, a mudança começou.
- Otimismo inesperado -
"Com essa estratégia comercial, a Petrobras vai ser mais eficiente e competitiva", indicou Prates.
"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas" da empresa, afirmou.
Ao contrário do esperado por investidores contrários à intervenção do Estado, as ações ordinárias (PETR3) da companhia subiam 2,80% às 13h30 na Bolsa de São Paulo.
A reação se deve ao temor do mercado de que Lula poderia acabar radicalmente com a política de preços vigente, disse Israel Rodrigues, analista do setor de petróleo da Genial Investimentos.
"O mercado estava esperando uma intervenção mais direta, algo muito pior", informou.
Em seu comunicado, a companhia disse que "os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
Para a analista Bruna Sene, da Nova Futura Investimentos, isso reflete o objetivo da Petrobras de " não ter um fluxo tão volátil de reajustes a longo do ano".
Porém, também "estarão monitorando eventuais defasagens", afirmou.
- Lucros no alvo -
Apesar da nova estratégia de preços, os analistas indicam que a Petrobras não perderá sua meta de rentabilidade.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, as altas constantes devido a fatores como a guerra na Ucrânia, converteram a petroleira em alvo de críticas.
Bolsonaro, que mudou três vezes o presidente da Petrobras, chegou a dizer que os lucros da companhia eram fruto de um "estupro".
Na última quinta-feira, a Petrobras registrou lucro de 7,34 bilhões de dólares no primeiro trimestre (cerca de 36 bilhões de reais na cotação atual), uma queda de 14,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
D.F. Felan--LGdM