Presidente do México admite que militares executaram cinco civis
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, admitiu, nesta quarta-feira (7), que um grupo de militares pode ser responsável pela execução de cinco civis em Tamaulipas (nordeste). O suposto crime ocorreu há três semanas e foi gravado por câmeras de vigilância.
"Aparentemente houve justiçamento, e isso não pode ser permitido", disse o mandatário de esquerda. Durante seu governo, os militares acumularam poder ao terem suas funções ampliadas a distintos setores.
Os militares envolvidos já "estão sob proteção", acrescentou López Obrador em sua coletiva de imprensa diária.
O mandatário, no entanto, acrescentou que se trata de "casos isolados" que "quando ocorrem são punidos", atribuindo-os a "um excesso de violência" por parte dos soldados.
"Não há encobrimento, porque nós não toleramos a violação dos direitos humanos", frisou, ao recordar que a Secretaria de Defesa já iniciou uma investigação "pelo suposto crime de execução extrajudicial".
O incidente ocorreu em 18 de maio, na cidade de Nuevo Laredo, fronteiriça com os Estados Unidos, segundo o jornal espanhol El País e a televisão americana Univisión, que revelaram as gravações de uma câmera de segurança.
Na noite de terça-feira, foi informado que o Ministério Público iniciou uma investigação em coordenação com a Secretaria de Defesa, o mais alto comando do Exército.
A procuradoria militar também abriu uma investigação sobre o caso e assegurou que não será tolerada "impunidade no desempenho dos militares, nem se sobreporá nenhuma conduta contrária ao Estado de direito".
Em episódios anteriores que envolveram militares com supostas violações aos direitos humanos, López Obrador também disse que se tratavam de casos isolados e que diferentemente de governos passados, o seu não massacra civis nem desaparece com eles.
- Colisão e tiroteio -
O incidente ocorreu na mesma cidade onde, em fevereiro passado, militares balearam um veículo, no qual viajavam sete jovens, matando cinco deles. Aparentemente, o grupo saía de uma festa. Quatro soldados foram processados por esse caso.
Nuevo Laredo é cenário frequente de ações violentas atribuídas a narcotraficantes.
As imagens publicadas na terça-feira mostram, inicialmente, a colisão violenta de uma caminhonete contra o muro de um supermercado, no que parece ser uma fuga de uma perseguição. Pouco depois, um veículo militar armado bate intencionalmente na caminhonete colidida.
Os militares descem atirando contra o carro, para depois retirar seus ocupantes, que parecem estar tontos pela colisão. Mais soldados chegam ao local.
Um dos militares chuta e joga um dos civis no chão, e outro o espanca. Depois, são arrastados e colocados contra o muro, onde é possível vê-los parcialmente.
Os soldados revistam o veículo, e um deles retira de seu interior pelo menos uma arma de alto calibre e um colete à prova de balas. Logo depois, segundo o relato da Univisión e algumas imagens, observa-se como espancam, algemam e vendam os presos.
Na sequência, os soldados parecem ser alvos de um ataque, ao qual respondem com disparos, ainda que os agressores nunca estejam visíveis no vídeo. Nenhum militar ficou ferido, segundo o relatório oficial.
Simultaneamente, um dos soldados que está sentado ao lado dos presos, aparentemente para vigiá-los, começa a atirar contra eles.
Um deles se arrasta como se estivesse fugindo, mas outro soldado aponta-lhe um fuzil e ele para de se mover.
Posteriormente, um soldado coloca fuzis perto dos corpos dos detidos, e outro tira as algemas de um dos abatidos.
Uma ambulância chegou uma hora depois para atender um homem que seguia com vida, mas que morreu a caminho do hospital, segundo a Univisión.
A.Sandoval--LGdM