EUA e China iniciam caminho para melhorar relações durante visita de Blinken a Pequim
Os Estados Unidos e a China concordaram, neste domingo (18), em ampliar o diálogo para melhorar suas relações, em seu pior momento em anos, durante uma visita a Pequim do secretário de Estado americano, Antony Blinken, na qual teve conversas "sinceras" e "construtivas" com seu par chinês, Qin Gang.
É a primeira visita de um chefe da diplomacia americana a território chinês em quase cinco anos.
Blinken conversou com Qin Gang por sete horas e meia, inclusive durante um banquete, em uma vila estatal.
O ministro das Relações Exteriores aceitou o convite para visitar Washington e garantiu que os dois diplomatas vão trabalhar juntos para ampliar o número de voos entre as duas maiores economias do mundo, que hoje está no mínimo desde a pandemia de covid-19.
Blinken enfatizou a importância de "manter canais de comunicação abertos [...] para reduzir o risco de percepções equivocadas", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, que chamou as conversas de "sinceras, substanciais e construtivas".
Blinken terá novas reuniões na segunda-feira antes de deixar a China.
Qin disse a Blinken que as relações entre EUA e China "estão no ponto mais baixo desde o estabelecimento das relações diplomáticas" em 1979, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.
"Isso não está de acordo com os interesses fundamentais dos dois povos, nem atende às expectativas comuns da comunidade internacional", disse Qin durante as negociações.
Ao mesmo tempo, ele emitiu um alerta sobre Taiwan, que Pequim reivindica como parte de seu território.
"A questão de Taiwan está no centro dos principais interesses da China, é a questão mais importante nas relações sino-americanas e o risco mais notável", afirmou Qin Gang.
A China realizou no ano passado grandes manobras em torno de Taiwan, considerada um ensaio para uma invasão, depois que a então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitou a ilha em agosto.
Blinken planejava visitar a China em fevereiro, mas mudou abruptamente os planos quando os Estados Unidos derrubaram um balão chinês, que classificaram como espião, sobrevoando seu território.
- Nova reunião Biden-Xi -
Biden disse que espera se reunir com o presidente Xi Jinping novamente após sua longa e cordial reunião de novembro passado, à margem de uma cúpula do G20 em Bali (Indonésia), onde eles definiram a visita de Blinken.
Os dois líderes devem participar da próxima cúpula do G20 em Nova Délhi, na Índia, em setembro, e Xi foi convidado a viajar para San Francisco em novembro, quando os Estados Unidos sediarão o fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
O governo chinês está especialmente incomodado com as restrições de Biden à exportação de semicondutores de última geração para a China. Os Estados Unidos justificam a medida porque temem possíveis usos militares.
De acordo com um assessor, Blinken também quer pressionar a China a interromper o envio para a América Latina de precursores químicos que são usados para produzir fentanil, um poderoso analgésico que está provocando uma pandemia que mata dezenas de milhares de americanos a cada ano.
Washington também critica a China pelos direitos humanos. A visita de Blinken é a primeira de um membro do governo desde que os Estados Unidos acusaram Pequim de genocídio contra a minoria muçulmana uigur.
Durante sua viagem pela região, Blinken falou por telefone com seus colegas de Japão e Coreia do Sul. Além disso, se encontrou com o ministro das Relações Exteriores de Singapura em Washington antes de partir.
O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, viajou a Tóquio para reuniões trilaterais separadas envolvendo Japão, Coreia do Sul e Filipinas.
Nos últimos meses, os Estados Unidos chegaram a acordos sobre o destacamento de tropas no sul do Japão e no norte das Filipinas, ambos estrategicamente próximos a Taiwan.
Blinken é o primeiro diplomata de alto escalão dos EUA a visitar Pequim desde uma parada em 2018 de seu antecessor Mike Pompeo.
M.Lozano--LGdM