Biden reafirma 'sólida' relação com Reino Unido antes de reunião da Otan
O presidente Joe Biden reafirmou nesta segunda-feira (10) a "sólida" relação entre Estados Unidos e Reino Unido durante uma escala diplomática em Londres a caminho da reunião de cúpula da Otan na Lituânia, que analisará, entre outras coisas, o apoio à Ucrânia.
Biden se reuniu por 45 minutos com o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak em Downing Street. Eles tomaram chá no jardim e conversaram sobre diferentes temas, incluindo a invasão russa da Ucrânia, dois dias depois que Washington prometeu fornecer bombas de fragmentação a Kiev.
São armas muito polêmicas porque, ao dispersar pequenas cargas explosivas antes ou depois do impacto, podem causar numerosas vítimas colaterais civis, e estão proibidas em mais de uma centena de países, incluindo o Reino Unido.
"Temos muito o que falar. Creio que estamos indo bem. Avançamos de forma positiva. Nossa relação é sólida como uma pedra", afirmou o presidente americano, antes de seguir para Windsor, cerca de 40 km a oeste de Londres, para se encontrar com o rei Charles III.
O monarca, de 74 anos, o recebeu no centenário castelo, onde participaram de uma cerimônia de revista da guarda de honra real.
A agenda previa ainda uma reunião de uma hora e meia com o rei sobre questões ambientais e climáticas, incluídas as conclusões de um fórum sobre o financiamento de projetos em países em desenvolvimento.
Foi a primeira reunião entre Biden e Charles III desde que o monarca, de 74 anos, foi coroado em maio, em uma cerimônia com dezenas de chefes de Estado, sem a presença do presidente americano.
Biden, de 80 anos, muito orgulhoso de suas raízes irlandesas, foi representado na coroação por sua esposa Jill. A decisão provocou polêmica, mas Washington insistiu que a ausência do presidente não foi um desprezo, e sim que seguia a linha diplomática entre os dois países: nenhum presidente dos Estados Unidos compareceu à coroação de um soberano britânico.
- Negociação comercial e Irlanda -
O governo britânico destacou que a visita de Biden "reflete a sólida relação" entre os países.
O Executivo conservador de Sunak, no entanto, ainda não conseguiu concretizar o tão almejado acordo de livre comércio com os Estados Unidos que Londres esperava obter após o Brexit - que se tornou efetivo em 2021 - para aliviar a perda de vantagens comerciais com a União Europeia, até então o principal parceiro comercial do país.
Se os respectivos antecessores - Boris Johnson e Donald Trump - pareciam decididos a concluir rapidamente o tratado, a chegada do democrata Biden à Casa Branca em 2021, e suas dúvidas sobre possíveis consequências negativas do Brexit para o frágil acordo de paz na Irlanda do Norte, freou as negociações.
A questão norte-irlandesa foi possivelmente tratada na conversa entre Biden e Sunak. É "um tema sobre o qual o presidente fala regularmente com seu homólogo britânico", afirmou Amanda Sloat, principal assessora de Biden para Europa.
- Ucrânia e a ampliação da Otan -
A Ucrânia espera visualizar ali um "sinal claro" de que algum dia poderá se unir à Aliança Atlântica, nas palavras de seu presidente, Volodimir Zelensky.
Para isso, tanto ele como Biden aceitaram que isto não ocorrerá enquanto durar a invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.
"Estaríamos em guerra com a Rússia, se este fosse o caso", afirmou Biden em sua chegada na noite de domingo a Londres, recordando que, segundo as regras da aliança, seus membros devem intervir se um deles for atacado.
Um responsável ocidental garantiu à AFP nesta segunda-feira, sob anonimato, que a Otan está disposta a levantar um importante obstáculo à adesão da Ucrânia, o Plano de Ação para a Adesão, como reconhecimento por seus "progressos". No entanto, o país deverá realizar mais reformas antes de sua integração, informou.
Para Zelensky, a proteção da Aliança Atlântica é crucial para dissuadir a Rússia de lançar novas ofensivas, e pede que a organização liderada por Estados Unidos estabeleça um cronograma claro.
Após a Lituânia, Biden viajará para Finlândia, país de fronteira com a Rússia que ingressou na Otan em 4 de abril.
A.Sandoval--LGdM