La Gaceta De Mexico - O que significa a perda da nota 'triplo A' pelos EUA?

O que significa a perda da nota 'triplo A' pelos EUA?
O que significa a perda da nota 'triplo A' pelos EUA? / foto: © AFP

O que significa a perda da nota 'triplo A' pelos EUA?

A agência de classificação de risco Fitch rebaixou em um nível, na terça-feira (1º), a nota da dívida dos Estados Unidos, do máximo AAA para AA+, mas o impacto na maior economia do mundo será apenas simbólico, ao menos a curto prazo.

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A Fitch atribuiu o rebaixamento a uma "erosão da governança", após os atrasos nas negociações no Congresso sobre o limite do endividamento e os acordos de última hora para evitar um default.

- O que é a classificação AAA? -

Para avaliar a solvência de Estados, comunidades e empresas, as três principais agências de classificação do mundo - S&P Global, Fitch e Moody's - usam escalas de letras ou notas, que vão de AAA, considerada acima de qualquer risco, a C ou D, que apontam possíveis incumprimentos de reembolsos.

As medições são realizadas analisando parâmetros de crescimento econômico, endividamento, déficit, gastos, receitas fiscais, e o diagnóstico serve de guia para os investidores.

Isso também significa que quanto mais baixa seja a nota atribuída, maiores serão os juros que os investidores cobrarão para emprestar dinheiro a um Estado ou a uma empresa, porque sua dívida será considerada de maior risco.

- Quais países mantêm o triplo A ? -

Apenas poucos países conservam a nota máxima das três grandes agências de classificação: Austrália, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega, Singapura, Suíça e Luxemburgo.

Outros só têm a melhor classificação em uma ou duas das três grandes agências de risco.

- Quem perdeu o triplo A? -

Na Europa, vários países perderam a nota máxima depois da crise financeira de 2008.

Em 2011, a S&P Global retirou dos Estados Unidos a sua nota AAA depois de uma longa disputa no Congresso sobre o limite de endividamento, mas a Moody's, que tem registros desde 1949, segue concedendo nota máxima ao país.

Os Estados Unidos necessitam resolver a recorrência dos problemas ligados ao seu limite de emissão da dívida, e encontrar soluções "de longo prazo", caso queiram recuperar o triplo A, declarou, nesta quarta-feira, à CNBC Richard Francis, responsável da Fitch Ratings para as Américas.

- Quais são as consequências? -

A perda do triplo A envia um sinal aos mercados que, no momento, é sobretudo simbólico, já que os Estados Unidos seguem tendo uma boa nota e seus títulos ainda são considerados como os mais seguros e líquidos do mundo.

A taxa de rendimento do título do Tesouro para 10 anos, uma referência para o mercado, rompeu pela terceira vez no ano a barreira dos 4% antes do anúncio da Fitch, mas voltou a ficar abaixo desse nível imediatamente depois.

As taxas desses títulos são o rendimento que oferecem ou os juros que o Tesouro paga por se endividar. A pressão de alta dos últimos meses deve-se sobretudo ao aumento das taxas de referência do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.

O Fed tem aumentado sucessivamente suas taxas de juros em uma tentativa de encarecer o crédito e esfriar o consumo e o investimento, e com isso conter a pressão sobre os preços em um contexto de inflação elevada.

Nesta quarta, o dólar operava em uma leve alta frente ao euro, já que a moeda dos Estados Unidos é um valor de refúgio.

"O dólar americano é a moeda de reserva mais importante do mundo, o que dá ao governo uma flexibilidade de financiamento extraordinária", apontou Fitch em suas conclusões, o que sugere que os Estados Unidos continuarão encontrando compradores para sua dívida com certo conforto.

A economia americana é sólida e a taxa de desemprego está abaixo dos 4%, mas "o déficit público está prestes a chegar aos 6% do PIB no atual exercício fiscal", apontaram os analistas da Capital Economics em uma nota publicada nesta quarta.

Segundo essa consultoria, os custos dos juros da dívida do governo podem dobrar nos próximos anos, embora muito dependerá da capacidade do Fed de iniciar rapidamente um ciclo de cortes de juros.

Caso isso não ocorra, "a dinâmica da dívida pode se tornar rapidamente insustentável", adverte o relatório.

A.Munoz--LGdM