Níger desafia ultimato de líderes africanos, que se reúnem nesta quinta
Os presidente da África Ocidental discutem nesta quinta-feira (10) a situação no Níger, país onde os militares que tomaram o poder desafiaram o ultimato dado para o restabelecimento da ordem constitucional antes da meia-noite de domingo, sob pena de uma possível intervenção militar.
"Os líderes da Cedeao vão abordar a situação política e os recentes desenvolvimentos no Níger", em uma cúpula em Abuja, a capital da Nigéria, informou a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) em um comunicado.
O bloco regional exige que se restabeleça o presidente Mohamed Bazoum no poder. Ele permanece detido desde o golpe de Estado de 26 de julho.
Em 30 de julho, a Cedeao lançou um apelo aos militares nigerinos para restituírem ao cargo o presidente eleito democraticamente e advertiu que não excluía o recurso à "força" para conseguir isso. Segundo fonte próxima ao bloco, nenhuma intervenção militar está prevista no momento.
O golpe foi condenado por outros países africanos, assim como pela França e pelos Estados Unidos, que mobilizaram 1.500 e 1.100 soldados, respectivamente, no Níger, para lutarem contra as organizações jihadistas na região.
Mali e Burkina Faso, suspensos da Cedeao pelos golpes que também levaram os militares ao poder em 2021 e 2022, respectivamente, expressaram seu apoio ao governo que derrubou Bazoum no Níger. Estes dois países enviaram uma delegação oficial conjunta a Niamey para mostrar sua "solidariedade para com o povo do Níger", anunciou o Exército do Mali.
- Espaço aéreo fechado -
Pouco antes de expirar o ultimato da Cedeao, à meia-noite local (20h de Brasília), o Exército do Níger anunciou o fechamento do espaço aéreo do país "até nova ordem", ante uma "ameaça de intervenção" estrangeira.
Qualquer violação dessa medida dará lugar a "uma resposta enérgica e imediata" e qualquer Estado envolvido em uma intervenção será considerado cobeligerante", advertiu o Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), o órgão dos militares no poder.
Os senadores da Nigéria, país muito influente da Cedeao, pediram o "reforço da via política e diplomática". A Argélia, que não é membro da Cedeao mas compartilha quase 1.000 quilômetros de fronteira com o Níger, também expressou reservas.
E o governo italiano urgiu a Cedeao a prolongar o ultimato e tentar encontrar uma solução diplomática para a crise, assim como a Alemanha, que considera que os esforços diplomáticos estão apenas começando.
- Calma em Niamey -
Niamey, a capital do Níger, amanheceu em relativa calma, após um ato que reuniu 30.000 partidários dos militares no maior estádio do país no domingo.
Os participantes exibiram bandeiras do Níger, de Burkina Faso e da Rússia. Também vaiaram a França e a Cedeao, ao mesmo tempo que aclamaram os integrantes do CNSP que participaram do ato.
Cada vez mais criticada pelos partidários dos militares que tomaram o poder em Niamey, Bamako e Uagadugu, a França destacou, no fim de semana, seu apoio aos esforços da Cedeao para acabar com a "tentativa de golpe" no Níger.
Ontem, a ex-potência colonial suspendeu, "até nova ordem", todas as suas "ações de ajuda ao desenvolvimento e ao apoio orçamentário" em Burkina Faso.
Níger era um dos últimos aliados do Ocidente em um Sahel arrasado pela violência jihadista.
P.Ortega--LGdM