Em Washington, Zelensky recebe garantias de envio de armas de defesa aérea
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, obteve, nesta quinta-feira (21), em Washington, garantias de que receberá armas de defesa aérea na guerra contra a Rússia, mas deixará os Estados Unidos sem os mísseis de longo alcance que queria.
A Casa Branca informou que o presidente Joe Biden anunciará um novo pacote de ajuda ao país que incluirá "defesa aérea para ajudar a Ucrânia", mas "decidiu que não entregará mísseis ATACMS, embora não tenha excluído esta possibilidade no futuro".
Com semblante sério e vestindo seu habitual uniforme militar, Zelensky foi recebido pelos líderes dos partidos Republicano e Democrata no Congresso, onde se debate uma nova ajuda militar e humanitária para seu país. Ele declarou aos jornalistas que tem mantido "um diálogo muito bom" com os parlamentares.
O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, um fervoroso partidário de ajudar a Ucrânia, assim como Biden, disse que Zelensky lhe disse: "Se não recebermos ajuda, vamos perder a guerra".
"Eu enfatizei que uma vitória da Ucrânia garantiria que nem a Rússia, nem qualquer outra ditadura, possam desestabilizar novamente o mundo livre", declarou Zelensky na rede social X, antigo Twitter. "Para ganhar, temos que permanecer unidos", insistiu.
O presidente ucraniano também foi ao Pentágono e é recebido, junto com sua esposa, por Joe e Jill Biden, às 16h (horário de Brasília), na Casa Branca.
O clima mudou em Washington desde que Zelensky visitou a capital americana em 21 de dezembro de 2022, pela primeira vez desde a invasão russa em fevereiro do mesmo ano. À época, a visita aconteceu em segredo. Agora, a sensação de urgência desapareceu, e a oposição republicana assumiu o controle da Câmara Baixa.
De qualquer modo, seu discurso aos congressistas recebeu duas ovações de pé, informou o senador democrata Chris Murphy no X. E, segundo o republicano Michael McCaul, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, Zelensky afirmou "estar vencendo" no terreno.
"Perguntei a ele: do que você precisa? Qual é seu plano para a vitória?", acrescentou o congressista, que acredita na aprovação de uma nova ajuda de US$ 24 bilhões (em torno de R$ 118 bilhões, na cotação atual). E isso apesar das árduas negociações com os republicanos, cujo líder na Câmara, Kevin McCarthy, está sob pressão da ala mais conservadora de seu partido para cortar o fornecimento a Kiev.
- Orçamento -
O risco de paralisação orçamentária no Estados Unidos complica ainda mais a situação, caso os parlamentares não cheguem a um acordo antes de 1º de outubro sobre ao menos uma lei provisória.
Um dos obstáculos nas negociações é o orçamento dedicado à ajuda militar e humanitária à Ucrânia.
É "vital" que o Congresso desembolse os US$ 24 bilhões solicitados pelo Executivo para apoiar os ucranianos, afirmou na quarta-feira o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
O presidente americano está consciente do perigo de perder o impulso, à medida que a guerra se prolonga, e o inverno se aproxima.
"A Rússia acredita que o mundo vai se cansar e deixá-la destruir a Ucrânia sem consequências", advertiu na terça-feira na ONU o presidente americano, candidato à reeleição em 2024.
Durante uma sessão extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, na quarta, Zelensky denunciou a "agressão criminosa" de Moscou e o "bloqueio" do órgão da ONU por causa do direito de veto russo.
O tema do fornecimento de ajuda à Ucrânia também parece complicar-se em outros países, como na Polônia, um dos principais aliados de Kiev desde o início da invasão russa, em meio a uma disputa recente sobre as exportações de cereais.
Na quarta-feira, o governo polonês afirmou que não fornecerá mais armamento à Ucrânia e que irá investir em equipar seu próprio exército. No entanto, nesta quinta-feira, garantiu que a declaração sobre o fim do envio de armas foi mal interpretada e que está "disposto a conversar".
A.Cantu--LGdM