La Gaceta De Mexico - Portugueses lutam contra a crise da moradia

Portugueses lutam contra a crise da moradia
Portugueses lutam contra a crise da moradia / foto: © AFP

Portugueses lutam contra a crise da moradia

"Estamos com medo do despejo a qualquer momento", afirma, preocupada Alcina Lourenço, uma moradora de Lisboa afetada pela crise habitacional, que o governo português não consegue superar, apesar das medidas anunciadas recentemente.

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Assim como ela, que considera insuficientes as ações do Executivo socialista, milhares de portugueses protestam neste sábado (30) nas ruas da capital e de outras 20 cidades em defesa do direito à moradia, uma mobilização convocada por quase 100 associações.

Da noite para o dia, Alcina, de 49 anos, viu seu aluguel multiplicado por 20, passando de 30 para 600 euros (de R$ 160 para R$ 3180). Incapaz de arcar com a nova despesa, ela recebeu uma solicitação para deixar seu apartamento localizado no centro de Lisboa, onde vive desde os seis anos.

"Não sei para onde ir", lamenta a portuguesa, que cuida do pai de 89 anos, que se desloca em uma cadeira de rodas, e do marido, 61 anos, que faz tratamento contra o câncer.

A crise da moradia enfrenta problemas desde que Portugal, ameaçado de falência, recorreu em 2011 a uma ajuda financeira internacional.

Para ajustar as contas e atender às demandas do credores, o país se abriu para investimentos estrangeiros, graças a uma série de medidas como os "vistos dourados" - permissões de residência concedidas a investidores ricos - ou vantagens fiscais para aposentados estrangeiros e os "nômades digitais".

Os investidores contribuíram em grande medida para dinamizar o mercado mobiliário e para a renovação das grandes cidades, que registram o aumento dos aluguéis de curta duração em resposta ao fluxo dos turistas.

Segundo um estudo da fundação portuguesa Francisco Manuel dos Santos, entre 2012 e 2021 o custo de moradia aumentou 78% em Portugal, contra 35% no conjunto da União Europeia.

No segundo trimestre de 2023, a renda média voltou a subir em 11%, segundo dados oficiais publicados nesta semana.

- Diferença entre salários e preços da moradia -

A chegada dos investidores estrangeiros "desequilibrou o mercado", ampliando a diferença "entre os salários e os preços da moradia", explica à AFP Augustín Cocola Gant, pesquisador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

Quase 25% dos portugueses vivem com um salário mínimo mensal de 886 euros (R$ 4.700), destaca.

O aumento das taxas de juros decidido pelo Banco Central Europeu (BCE) em resposta à crise inflacionária tornou a situação ainda mais dramática em um país onde 87% dos titulares de empréstimos hipotecários enfrentam taxas variáveis.

"Minha prestação passou de 400 para 647 euros (R$ 2120 para R$ 3428), relata Cláudia Martins, uma professora de 40 anos que vive sozinha no subúrbio norte da capital.

Para ajudar quase um milhão de famílias, o governo decidiu, na semana passada, permitir que os devedores sejam beneficiados por uma taxa reduzida durante dois anos.

O mecanismo soma-se ao conjunto de medidas apresentado em março para conter o aumento dos preços, que prevê o fim dos "vistos dourados" e o aluguel obrigatório de moradias vazias há mais de dois anos nas regiões mais populosas.

T.Salinas--LGdM