Republicano McCarthy tenta sobreviver em votação histórica no Congresso dos EUA
O líder republicano da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, pode ser destituído do cargo nesta terça-feira (3), devido às disputas internas de seu partido, em uma votação sem precedentes que não acontecia há mais de um século nos Estados Unidos.
McCarthy desencadeou a fúria da ala ultraconservadora do partido quando aprovou, no sábado, uma medida bipartidária provisória de financiamento apoiada pela Casa Branca para evitar uma paralisia do governo.
Liderando as críticas está o representante (deputado) Matt Gaetz, um antigo antagonista de McCarthy que, ontem (2), apresentou uma "moção para deixar vacante a presidência", forçando uma votação que deve acontecer nesta terça.
O movimento obriga os democratas a decidirem se socorrem um presidente da Câmara que passou grande parte de seu mandato se opondo à sua agenda e que, recentemente, abriu uma investigação de impeachment do presidente Joe Biden.
Toda a Câmara votaria e, com a escassa maioria republicana, McCarthy pode perder apenas quatro votos, se todos os membros estiverem presentes e os democratas votarem contra ele.
"Estou confiante em que vou aguentar", disse um desafiador McCarthy aos repórteres no Capitólio.
Gaetz afirma, por sua vez, ter certeza dos cinco votos republicanos necessários para destituir McCarthy, desde que os democratas não intervenham para resgatar o presidente da Câmara.
"Tenho republicanos suficientes para que, a esta altura na próxima semana, uma das duas coisas aconteça: Kevin McCarthy não será o presidente da Câmara, ou será o presidente da Câmara, trabalhando ao prazer dos democratas", disse o legislador da Flórida.
"Estou tranquilo com qualquer um dos dois resultados, porque o povo americano merece saber quem o governa", acrescentou.
O embate surge dois dias depois de a Câmara de Representantes e o Senado terem aprovado, por maioria bipartidária em ambos os casos, uma medida para evitar um custoso "shutdown" do governo, ao prolongarem o financiamento federal até meados de novembro.
Os ultraconservadores se irritaram com o que consideraram um golpe de McCarthy, que havia prometido o fim da legislação provisória acordada às pressas com o apoio do partido da oposição, e um regresso ao orçamento através do processo de comissão.
Em uma reunião dos republicanos da Câmara, nesta terça-feira, McCarthy disse a seus correligionários que a luta chegaria ao plenário da Câmara ao meio-dia (horário local), informou a assessoria do Congresso, começando com uma votação preliminar destinada a "apresentar" a moção de Gaetz para, então, estrangulá-la já em sua incepção.
P.Gomez--LGdM