Pedro Sánchez promete 'generosidade' aos separatistas catalães
O primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, a quem o rei da Espanha pediu, nesta terça-feira (3), que seja novamente candidato, prometeu “generosidade” nas negociações com os separatistas catalães, dos quais depende para se manter no poder.
Após o fracasso de seu adversário, o conservador Alberto Núñez Feijóo, que na semana passada não alcançou o apoio necessário dos deputados para ser empossado, o rei Felipe VI incumbiu a tarefa a Sánchez.
A data do debate de posse ainda não está marcada, mas o atual chefe do governo terá até 27 de novembro para obter o respaldo do Parlamento. Se não conseguir, serão automaticamente convocadas eleições para meados de janeiro.
Apesar de terminar em segundo nas legislativas de julho, atrás de Feijóo, Sánchez, no poder desde 2018, parece mais próximo que o líder do Partido Popular (PP, direita) de conseguir reunir uma maioria de deputados em torno de sua candidatura.
O socialista já conta com o apoio da extrema esquerda, com quem governa em coalizão desde 2020, mas ele vai precisar também do partido independentista catalão de Carles Puigdemont, que nos últimos anos se opôs sistematicamente a seu governo.
As negociações “serão complexas”, reconheceu Sánchez, mas ele ressaltou sua confiança de que atingirá seu objetivo.
Líder da tentativa de secessão da Catalunha, em 2017, Puigdemont exigiu no mês passado a aprovação de uma anistia para os separatistas com processos judiciais em troca do apoio de seu partido.
Mas essa hipotética anistia suscita não apenas a indignação da direita espanhola, mas também um certo mal-estar dentro do próprio Partido Socialista, que no passado era frontalmente contrário a ela.
Uma entidade anti-independentista convocou para o domingo uma manifestação em Barcelona contra o possível perdão.
Sánchez, nesta terça, não citou a palavra anistia, mas se justificou sobre sua disposição de negociar com os separatistas.
“Não se pode presidir o governo da nação sem entender a pluralidade política do Parlamento nem a diversidade territorial da nação. Portanto, é hora da política (...), é hora da generosidade”, disse.
Ele defende que as concessões beneficiaram a “convivência na Catalunha” e ajudaram a “superar o que ocorreu em 2017”. “Os catalães e catalãs só querem virar a página”, afirmou.
Sánchez reiterou, no entanto, que a organização de um referendo de autodeterminação é uma linha vermelha.
A.Munoz--LGdM