Síria enterra seus mortos após ataque contra academia militar
Familiares e oficiais se reuniram nesta sexta-feira (6), na cidade de Homs, no centro da Síria, para os primeiros funerais das centenas de mortos deixados por um ataque com drones lançado na véspera contra uma academia militar.
O ataque ocorreu no final de uma cerimônia de promoção de oficiais. Segundo os veículos da imprensa estatal, 89 pessoas morreram - incluindo 31 mulheres e cinco crianças -, e 277 ficaram feridas, entre soldados e familiares que participavam do ato.
Nesta sexta-feira, logo cedo, dezenas de familiares e amigos das vítimas se reuniram em frente ao hospital militar de Homs, de onde os restos mortais foram transportados para o cemitério, confirmou um correspondente da AFP.
Uma mulher, vestida de preto, chorava a perda do filho.
"Não vá, querido!", gritava. "Este sonho não é bom para você".
Em vídeos publicados nas redes sociais, vítimas são vistas caídas no chão, e vários feridos pedem socorro durante o ataque, em meio ao caos e com tiros ao fundo.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG sediada no Reino Unido que tem uma rede de observadores no terreno, reportou um número de vítimas superior ao das autoridades: 123 mortos, incluindo 54 civis, e pelo menos 150 feridos.
O ministro sírio da Defesa, Ali Mahmud Abbas, assistiu ao primeiro funeral, de cerca de 30 pessoas, entre militares e civis. As autoridades declararam três dias de luto no país.
Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas o Exército sírio acusou, na quinta-feira, "organizações terroristas armadas", afirmando que o assalto foi realizado "com drones carregados de explosivos". A corporação prometeu "responder com firmeza".
Ontem mesmo, as Forças Armadas sírias bombardearam o último reduto rebelde do país, no noroeste. O OSDH relatou 15 mortes de civis em áreas rebeldes, parcialmente controladas pela organização jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS) e grupos aliados. Além disso, na região rebelde de Idlib, a Rússia realizou pelo menos cinco bombardeios, também conforme o Observatório.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou sua preocupação com a escalada na Síria, e o enviado especial das Nações Unidas para esse país, Geir Pedersen, pronunciou-se por uma "desescalada imediata" da violência.
A guerra na Síria, que eclodiu após uma dura repressão governamental contra a onda de protestos de 2011, deixou cerca de meio milhão de mortes até agora e um país fragmentado.
D.F. Felan--LGdM