FMI reduz previsões de crescimento para China
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo, nesta terça-feira (10), suas previsões de crescimento para a China em 2023 e 2024, sobretudo, por causa da crise no setor imobiliário.
Este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia mundial deverá crescer 5%, conforme as previsões econômicas globais do FMI.
Caso isso se confirme, será cumprida a meta de "cerca de 5%" que Pequim havia estabelecido para este ano, embora se trate de um ritmo abaixo da previsão anterior do Fundo, divulgada em julho (5,2%).
"Estamos especialmente preocupados com a estabilidade financeira da China", afirmou o diretor do Departamento de Mercados Monetários e de Capitais do FMI, Tobias Adrian, em entrevista coletiva em Marrakech, coincidindo com as reuniões anuais da instituição e do Banco Mundial.
Em 2022, o PIB da China cresceu 3%, apesar das gigantescas restrições sanitárias contra a covid-19, seu crescimento mais fraco em mais de quatro décadas (fora o período pandêmico).
Segundo o FMI, o PIB da China deverá crescer 4,2% em 2024, uma previsão três décimos inferior à de junho.
O levantamento das restrições sanitárias contra a covid-19 em dezembro de 2022 permitiu uma recuperação da atividade, "mas essa dinâmica está se esgotando", advertiu o Fundo, em meio a uma crise no setor imobiliário que "dificulta" o crescimento.
Adrian alertou para o risco que "os governos locais correm, por meio de seus veículos de investimento, os bancos locais, especialmente os provinciais, e os produtos de gestão de patrimônio associados ao sector imobiliário".
"É realmente crucial restaurar a confiança no setor imobiliário", disse o vice-diretor do Departamento de Mercados Monetários, Fabio Natalucci.
O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, pediu uma "ação vigorosa" por parte das autoridades chinesas.
- Potencial default parcial -
O endividado gigante imobiliário chinês Country Garden anunciou nesta terça-feira (10) que não espera ser capaz de cumprir todos os seus compromissos de pagamento no exterior dentro do prazo, em meio a uma luta para evitar a inadimplência.
Em uma nota publicada no site da Bolsa de Valores de Hong Kong, a empresa disse que "prevê que não conseguirá cumprir todas as suas obrigações de pagamento no exterior no vencimento, ou dentro dos períodos de carência, incluindo, entre outras, notas promissórias em dólares americanos emitida pela empresa".
Uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China, a Country Garden acumulou dívidas de 1,43 trilhão de iuanes (196 bilhões de dólares) até o final de 2022.
Seus problemas de fluxo de caixa suscitaram temores de que poderia colapsar, o que teria consequências para a economia chinesa, que já sofre de elevadas taxas de desemprego juvenil, declínio do consumo e uma crise mais ampla em seu setor imobiliário.
Nesta terça, a empresa disse que deixou de fazer um pagamento de 470 milhões de dólares de Hong Kong (60 milhões de dólares americanos). Afirmou, ainda, que tem um período de carência de 30 dias para evitar inadimplência.
No comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong, entretanto, a empresa observou que o não pagamento "poderia levar os credores relevantes do grupo a exigirem a aceleração do pagamento das dívidas, ou a tomada de medidas de cobrança".
Informou também que contratou consultores financeiros "para avaliar a estrutura de capital e liquidez de suas subsidiárias" e desenvolver "uma solução holística de maneira justa e equitativa" para o pagamento das suas obrigações.
Y.A. Ibarra--LGdM