Novo comboio de ajuda entra em Gaza, que enfrenta bombardeios mais intensos
Um novo comboio de 17 caminhões com ajuda humanitária entrou neste domingo (22) na Faixa de Gaza, no momento em que Israel intensifica os bombardeios contra o enclave palestino, duas semanas após o início de uma guerra desencadeada por uma ofensiva sem precedentes do movimento islamita Hamas.
O Exército de Israel, em preparação para uma ofensiva terrestre, concentrou dezenas de milhares de soldados nas fronteiras do território estreito, onde vivem 2,4 milhões de palestinos.
A comunidade internacional teme uma escalada da guerra, iniciada em 7 de outubro entre Hamas e Israel, com a propagação para outros países do Oriente Médio. O governo do Irã alertou que a região é um "barril de pólvora".
Autoridades israelenses informaram que mais de 1.400 pessoas morreram no país desde 7 de outubro, a maioria civis e no mesmo dia da ofensiva dos combatentes do Hamas a partir da Faixa de Gaza.
Dentro de Gaza, mais de 4.600 pessoas, a maioria civis, morreram nos bombardeios israelenses incessantes, segundo o balanço atualizado divulgado neste domingo pelo Ministério da Saúde do Hamas, que controla o território palestino desde 2007.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) anunciou neste domingo que 29 funcionários do organismo morreram desde 7 de outubro. A agência informou que metade eram professores e que, desde o início do conflito, 12 pessoas deslocadas que se refugiaram nas escolas da ONU morreram e 180 ficaram feridas. No total, 38 instalações foram danificadas.
O comboio de 17 caminhões deste domingo foi o segundo de ajuda humanitária a entrar em Gaza, cercada por Israel desde 9 de outubro, e que enfrenta a falta de água, alimentos e combustíveis.
Entre os veículos enviados neste domingo estavam seis caminhões-tanque com combustíveis para os geradores de eletricidade dos hospitais.
Neste sábado, os primeiros 20 caminhões de ajuda humanitária passaram pelo posto de Rafah, na fronteira com o Egito.
A ONU calcula que seriam necessários ao menos 100 caminhões diários para atender às necessidades de todos os habitantes de Gaza.
Os ataques aéreos de Israel destruíram bairros inteiros no enclave. A cidade de Rafah, perto da fronteira com o Egito no sul, foi um dos alvos dos bombardeios.
"Estávamos em casa dormindo, acordamos quando as janelas explodiram. Nos salvamos por milagre", disse Om Ahmad Abu Sanjar, moradora de Rafah.
Em 15 de outubro, Israel exigiu que os civis do norte da Faixa de Gaza seguissem para o sul, em busca de refúgios contra os bombardeios.
Segundo a ONU, ao menos 1,4 milhão de palestinos foram deslocados desde o início do conflito e a situação humanitária no território é "catastrófica".
De acordo com autoridades do Hamas, 165 mil residências foram atingidas pelos bombardeios de Israel, ou seja, metade das que existem na Faixa de Gaza, e 20 mil ficaram destruídas ou sem condições de uso.
- Funerais em Israel -
Após o ataque do Hamas, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista palestino.
Mas uma operação terrestre no enclave superpopuloso, repleto de armadilhas e túneis, representa vários riscos para as tropas de Israel, que também enfrentam combatentes do Hamas habituados à batalha na região e que mantêm mais de 200 reféns israelenses e estrangeiros sequestrados no primeiro dia da ofensiva.
Sirenes de alerta para lançamentos de foguetes no sul e centro de Israel voltaram a soar neste domingo, informou o Exército israelense. Perto de Gaza, um soldado foi morto por um foguete palestino.
A seis quilômetros da fronteira com Gaza, o kibutz de Beeri, onde combatentes do Hamas massacraram pelo menos 100 pessoas, se prepara para mais funerais.
"Não tenho certeza se algum de nós consegue assimilar e compreender o que aconteceu", declarou Romy Gold, ex-paraquedista de 70 anos, antes dos funerais de cinco parantes.
- 'Barril de pólvora' -
As hostilidades também alcançaram a fronteira entre o norte de Israel e o sul do Líbano, com ataques recorrentes entre o Exército israelense e o grupo Hezbollah pró-Irã, aliado do Hamas. Os moradores dos dois lados abandonaram suas casas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu que o grupo libanês Hezbollah cometeria o "erro de sua vida" se decidisse entrar em guerra com o país.
"Nós atacaríamos com uma força que não podem sequer imaginar e isto seria devastador para o Estado do Líbano", declarou Netanyahu durante uma visita às tropas no norte do país.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, afirmou que os Estados Unidos "não hesitarão em atuar" militarmente contra qualquer "organização" ou "país" que caia na tentação de "ampliar" o conflito.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hosein Amir Abdolahian, afirmou que a "região é como um barril de pólvora e alertou os governos dos Estados Unidos e de Israel que a situação pode ficar "incontrolável".
Na Cisjordânia, outro território palestino ocupado, mais de 90 pessoas morreram desde 7 de outubro em ataques do Exército ou de colonos israelenses, segundo o ministério palestino da Saúde.
P.Ortega--LGdM