Guiana anuncia novas descobertas de petróleo em águas reclamadas pela Venezuela
O governo da Guiana anunciou, nesta quinta-feira (26), "uma descoberta significativa" de petróleo em águas reclamadas pela Venezuela, que promove um referendo sobre a zona disputada do Essequibo, que fez aumentar a tensão entre os dois países.
“A descoberta na área de licença de produção de petróleo de Liza revelou cerca de 20 metros de jazida de hidrocarbonetos, juntamente com cerca de 81 metros de arenito adicional com hidrocarbonetos", informou o Ministério de Recursos Naturais. Segundo o governo, a jazida será submetida a uma avaliação exaustiva.
A ExxonMobil, com as parceiras Hess e CNOOC, fez quatro descobertas de petróleo neste ano e 46 desde a primeira descoberta em Liza, em 2015.
O anúncio é feito em meio ao aumento da tensão entre os dois países, após um referendo polêmico convocado por Caracas para 3 de dezembro, que propõe a criação de um estado (província) naquela área e a nacionalização dos seus habitantes.
A Guiana chamou a iniciativa de ilegal e apelou à “resistência”. O país recebeu o apoio da Comunidade do Caribe (Caricom) e do secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
“As perguntas aprovadas para serem feitas no referendo, se respondidas afirmativamente, autorizariam o governo da Venezuela a embarcar na anexação do território, que constitui parte da República Cooperativista da Guiana”, assinalou o bloco, alertando para uma possível violação do direito internacional.
Almagro apoiou a posição da Caricom e condenou “qualquer ato que constitua uma ruptura da paz e uma tentativa de invadir as fronteiras de um país”. Em resposta à Caricom, a Venezuela reiterou sua posição sobre o Essequibo e expressou sua intenção de resolver a controvérsia “de forma amigável”.
A Guiana também denunciou a mobilização de 200 soldados venezuelanos na zona fronteiriça, que a embaixada da Venezuela em Georgetown informou que tinha relação com o combate à mineração ilegal, indicou.
A Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido, antes da independência guianesa, que estabelecia bases para uma solução negociada, e desconhece os limites estabelecidos em um parecer anterior, de 1899, firmado em Paris, que é defendido por Georgetown.
O caso está em Haia, nas mãos da Corte Internacional de Justiça (CIJ), uma instância que a Venezuela rejeita.
S.Moreno--LGdM