Famílias dos reféns em Gaza pedem respostas do governo israelense
As famílias dos 230 reféns sequestrados pelo Hamas em sua sangrenta incursão em Israel, em 7 de outubro, exigiram, neste sábado (28), "respostas" do governo israelense, que anunciou que a guerra contra o movimento islamista palestino será "longa e difícil" em Gaza, bombardeada incessantemente.
"As famílias não dormem. Querem respostas. Merecem respostas", reivindicou, em Tel Aviv, Haïm Rubinstein, de 35 anos, porta-voz do Fórum de Famílias de reféns e desaparecidos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniu neste sábado com familiares dos reféns e informou-lhes que as autoridades examinariam "todas as opções" para libertá-los.
Os dois objetivos da guerra, insistiu, são "destruir" o Hamas e "trazer os reféns de volta para casa".
O líder do Hamas na Faixa de Gaza, Tahya Sinwar, afirmou que o movimento islamista estava disposto a fazer uma troca "imediata" dos reféns em seu poder pelos presos palestinos em Israel.
"Quanto mais os atingirmos, mais dispostos estarão a chegar a algum tipo de acordo, e poderemos trazer para casa nossos queridos reféns", afirmou, por sua vez, o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
As famílias dos reféns expressaram sua preocupação com a intensificação dos bombardeios e as incursões terrestres do exército israelense em Gaza desde a sexta-feira.
- "Agora!" -
"Seja qual for o acordo proposto, deve ser aceito de imediato", implorou Ifat Kalderon, cuja família está em poder dos milicianos do Hamas.
Antes de serem recebidos por Netanyahu, os familiares dos reféns expressaram seu desespero em Tel Aviv e pediram a libertação de seus entes queridos. "Agora, agora, agora!", gritaram, aos prantos.
"Queremos que voltem agora. Não comemos, não dormimos! Tragam-nos para casa, não têm coração?", indignou-se Stella Samerano, segurando uma foto de seu neto, Jonathan.
Milicianos do Hamas entraram em território israelense em 7 de outubro por terra, mar e ar, a partir do sul de Gaza, no ataque mais letal desde a criação do Estado de Israel, em 1948.
Mais de 1.400 pessoas morreram do lado israelense, a maioria civis mortos pelo Hamas, segundo as autoridades israelenses, que identificaram 230 reféns sequestrados pelo grupo islamista no ataque. Apenas quatro mulheres foram libertadas.
Israel bombardeia desde então a Faixa de Gaza. O Hamas, que governa este território desde 2007, afirma que os ataques aéreos já deixaram mais de 8.000 mortos.
Os rostos e as histórias dos reféns são onipresentes nos jornais e nas redes sociais israelenses. São jovens, idosos, crianças, adultos e, inclusive, recém-nascidos.
- "Nós os esperamos" -
A incursão das tropas israelenses em Gaza e a intensificação dos bombardeios alimentam a inquietação dos familiares.
O braço armado do Hamas afirmou na quinta-feira que "quase 50" reféns tinham morrido nos bombardeios israelenses desde 7 de outubro. A AFP não pôde verificar este dado de forma independente.
Na manhã deste sábado, o exército israelense disse se concentrar nas redes de túneis subterrâneos onde o Hamas realiza suas operações, um enorme labirinto onde está pelo menos parte dos reféns.
Ilan Zercharya diz que está "aterrorizado" desde a intensificação dos bombardeios. Sua sobrinha, Eden, foi sequestrada no festival Nova, onde mais de 230 pessoas foram assassinadas por combatentes do Hamas.
Neste sábado, muitos vestiam camisetas com fotos de seus familiares estampadas.
Eles escreviam mensagens em um grande cartaz: "Nós os esperamos" ou "Por favor, libertem nossas crianças, nossos irmãos, nossas irmãs, nossos pais".
Muitos lamentavam o silêncio das autoridades, alguns mostravam fotos de Netanyahu com o rosto manchado de sangue. Outros diziam entender o sigilo das operações. Às vezes, surgem tensões, mas a angústia os une.
"Estou aqui porque preciso falar por eles", diz Inbal Zach, de 38 anos, cujo primo, Tal Shoham, foi sequestrado no kibutz de Be'eri, juntamente com outros seis membros de sua família.
"Não sabemos nada sobre o que aconteceu com eles. Não sabemos se foram executados, se receberam a visita de um médico, se têm comida", explica.
A revolta contra os sequestradores toma conta de alguns. "Querem direitos? Eletricidade? Água? Ajuda humanitária? Comida? Libertem os reféns! A equação é simples", afirma Zechariya.
F.Deloera--LGdM