Junta birmanesa promete contra-atacar grupos armados étnicos
O chefe da junta militar de Mianmar prometeu "contraofensivas" após o ataque coordenado de grupos étnicos armados que assumiram o controle de municípios e estradas perto da fronteira com a China, de acordo com um jornal estatal nesta sexta-feira (3).
"O governo lançará contraofensivas", disse Min Aung Hlaing em um discurso feito na quinta-feira na capital Naypyidaw, na frente de autoridades do governo militar.
O general, citado pelo jornal Global New Light of Myanmar, afirmou que o Exército irá responder ao ataque perpetrado esta semana por grupos armados étnicos contra campos militares no norte do país.
Os combates eclodiram nesta sexta-feira no estado de Shan e representam uma ameaça significativa para o Exército desde o golpe de Estado de 2021 contra Aung San Suu Kyi.
O norte do estado de Shan é uma região isolada, mas estratégica, pois faz fronteira com a província chinesa de Yunnan.
Uma aliança de três grupos étnicos, antigos rivais do Exército, reivindicou na quinta-feira a tomada de controle de dezenas de postos militares, quatro cidades e várias estradas em direção à China, principal parceiro comercial de Mianmar.
Esta coalizão, formada pelo Exército de Libertação Nacional de Taaung (TNLA), o Exército de Arakan (AA) e a Aliança Nacional Democrática de Mianmar (MNDAA), pode mobilizar pelo menos 15.000 homens, segundo analistas.
A aliança reivindicou novos avanços nesta sexta-feira.
Os combates preocupam a China, que na quinta-feira pediu um cessar-fogo "imediato" depois que a junta confirmou a perda da cidade fronteiriça de Chinshwehaw.
O chefe da marinha russa, Nikolai Yevmenov, visitou Mianmar nesta sexta-feira e seu programa prevê, entre outras coisas, "sua participação na cerimônia de abertura do primeiro exercício naval russo-birmanês da história recente", segundo Moscou.
A Rússia é um aliado próximo da junta, fornecendo armas e apoio diplomático desde o golpe de fevereiro de 2021.
Nas regiões fronteiriças de Mianmar, existem mais de uma dezena de grupos étnicos armados que lutam pela autonomia política e controle de recursos naturais.
Alguns têm formado e equipado grupos armados de opositores políticos que proliferaram desde o golpe de Estado de 2021 e a subsequente repressão.
O acesso muito limitado da mídia a esta região densamente arborizada dificulta a verificação dos fatos e do número de vítimas.
L.Flores--LGdM