Trump depõe na Justiça por caso de fraude familiar
Donald Trump chegou à Casa Branca ostentando suas qualidades empresariais, as mesmas que, segundo ele, permitiram-lhe acumular uma fortuna.
Nesta segunda-feira (6), o ex-presidente dos Estados Unidos, de 77 anos, potencial candidato republicano à reeleição, deve comparecer à Justiça para depor em um julgamento civil em Nova York, acusado de alterar seus ativos para beneficiar seu império imobiliário.
Um dos filhos de Trump, Eric, disse estar "muito abalado" antes de seu depoimento ao juiz Arthur Engoron, que começa às 10h locais (12h em Brasília). O magistrado é alvo da ira do republicano desde que o processo teve início, no mês passado.
Seguindo o padrão adotado contra os juízes responsáveis por seus quatro processos criminais, Trump chamou Engoron de "desequilibrado" e de "agente democrata, da esquerda radical, que odeia Trump".
O magistrado impôs-lhe duas multas, US$ 5.000 e US$ 10.000 (R$ 24,5 mil e R$ 49 mil na cotação atual), ao determinar que o empresário violou uma ordem de silêncio imposta depois de atacar o escrivão do juiz nas redes sociais.
Trump compareceu à Justiça duas vezes por este caso: em 10 de agosto de 2022 e em 13 de abril deste ano. Esse processo não terá júri, e destino do ex-presidente será decidido pelo juiz.
Em trechos da primeira declaração, ele qualifica o processo como "a maior caça às bruxas da história do país" e afirma que a procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, está "fora de controle".
- Fraude -
Este caso é apenas um dos muitos problemas jurídicos do ex-presidente que, conforme as pesquisas de intenção de voto, é o favorito para se tornar o candidato republicano à eleição presidencial de 2024.
Até agora, dois de seus filhos testemunharam: Donald Jr. e Eric, executivos da Trump Organization, um conglomerado que administra arranha-céus, hotéis de luxo e clubes de golfe em todo o mundo.
Antes dos argumentos iniciais, Engoron decidiu que o gabinete da procuradora-geral havia apresentado "evidências conclusivas" de que Trump exagerou seu patrimônio líquido em documentos financeiros, entre US$ 812 milhões e US$ 2,2 bilhões entre 2014 e 2021 (R$ 3,9 bilhões e R$ 10,7 bilhões na cotação atual).
Como resultado, o juiz ordenou a liquidação das empresas que administravam os ativos em questão, como a Trump Tower e os 40 arranha-céus de Wall Street, em Manhattan, além da propriedade Seven Springs, nos arredores da cidade.
Os advogados de Trump rejeitam as acusações de fraude, argumentando que as avaliações imobiliárias são subjetivas e que os bancos que concedem empréstimos à organização não perderam dinheiro.
No processo, Engoron também deverá se pronunciar sobre se outros crimes financeiros foram cometidos, assim como sobre qualquer outro tipo de multa. A acusação pede até US$ 250 milhões em multas (R$ 1,2 bilhão na cotação atual).
A.M. de Leon--LGdM