A palestina Ahed Tamimi e sua luta contra a ocupação da Cisjordânia
Com seus longos cabelos cacheados e olhar marcante, a palestina Ahed Tamimi, detida nesta segunda-feira (6) por "incitação ao terrorismo", é um ícone na luta contra a ocupação israelense na Cisjordânia.
As imagens da ativista, hoje com 22 anos, já circulam há alguns anos. Quando tinha apenas 11 anos, agitou os punhos diante de soldados israelenses. Aos 14, tentou impedir a detenção de seu irmão mais novo e outras mulheres. E aos 16, apareceu presa cercada de agentes de segurança de Israel.
Sua casa na cidade de Nabi Saleh, no norte da Cisjordânia ocupada, se tornou um ponto de encontro de ativistas palestinas e estrangeiros que lutam contra a presença de Israel na região.
A jovem foi presa novamente pelo Exército israelense nesta segunda-feira, em meio à guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas, na Faixa de Gaza.
O conflito, que teve início em 7 de outubro, intensificou a violência na Cisjordânia, ocupada por Israel em 1967, deixando mais de 150 palestinos mortos na região, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.
- "Cada palavra que digo é um peso" -
Tamimi está sendo interrogada por uma suposta publicação no Instagram em que teria pedido o "massacre" de israelenses na Cisjordânia e uma referência à Hitler, segundo fontes dos serviços de segurança.
Mas sua mãe, Narimane Tamimi — cujo marido também foi detido nas últimas semanas —, negou que a filha tenha escrito a mensagem.
"Quando Ahed tenta abrir uma conta nas redes sociais, ela é bloqueada imediatamente", afirmou. A AFP não conseguiu verificar se a conta em questão, que foi bloqueada nesta manhã, pertence à ativista.
Em 2018, ela passou oito meses na prisão por dar um tapa em dois soldados israelenses.
"Cada palavra que digo é um peso, uma responsabilidade. É algo pesado que carrego", disse à AFP em 2018.
Seu ativismo lhe rendeu uma recepção no Real Madrid no mesmo ano. Mas a imprensa israelense a descreve como uma "provocadora que sabe divulgar suas ações" e seus familiares foram acusados de explorá-la para fins políticos.
- "Resistência responsável" -
Em um vídeo gravado em 2017, quando tinha 16 anos, a jovem é vista, ao lado da prima no quintal de sua casa, se aproximando de dois soldados encostados na parede, a quem ela empurra, dá chutes e tapas, segundo sua família.
Ela também foi fotografada vestindo uma camiseta do Piu-Piu quando morde a mão de um soldado israelense em 2015, tentando impedir a prisão de seu irmão.
Em 2012, a jovem se destacou ao sacudir os punhos diante de soldados israelenses. Mais tarde, ela foi recebida por Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro turco.
Nascida em 2001, em Nabi Saleh, a adolescente cresceu em um ambiente de resistência, embora sempre tenha tido o desejo de ser jogadora de futebol.
Seu pai, Basem, que costumava liderar manifestações contra os colonos israelenses, descreve-a como "tímida", mas "suficientemente madura para rejeitar a ocupação de forma responsável".
Basem afirma que as histórias dos ataques e detenções do Exército de Israel deixaram marcas em sua filha e afirma que a família tem vários "mártires", como a tia e o tio de Ahed.
Sua prisão na segunda-feira mais uma vez viralizou nas redes sociais com suas imagens emblemáticas.
A.Soto--LGdM