Filha de Trump depõe em julgamento civil por fraude fiscal
Ivanka Trump, filha do ex-presidente Donald Trump, reapareceu na arena pública nesta quarta-feira (8) para prestar depoimento no julgamento civil que ameaça o império imobiliário de sua família, acusado de fraude financeira.
A filha mais velha do bilionário, de 42 anos, que deixou a Trump Organization em 2017 para se tornar assessora de seu pai na Casa Branca, não é ré no caso, mas foi intimada a depor.
"O povo convoca Ivanka Trump", disse um funcionário da Justiça no início da audiência. "Quem é ela?", brincou o juiz Arthur Engoron, que instrui o caso.
Ivanka tinha recorrido da intimação do juiz para depor no julgamento da empresa familiar, alegando que já não faz parte da mesma, nem vive em Nova York, mas sua apelação foi rejeitada.
Antes dela, prestaram depoimento seu pai e seus irmãos Donald Jr. e Eric, que são réus no processo, além de outros executivos da Trump Organization, acusados de inflar o valor de seus ativos imobiliários em bilhões de dólares para obter empréstimos bancários e condições de seguros mais vantajosas.
Antes do início do depoimento de Ivanka, a procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que abriu o caso, disse que a filha do ex-presidente havia "garantido e negociado empréstimos para obter condições favoráveis com base em declarações fraudulentas de situação financeira".
"Hoje, ela vai tentar se distanciar da empresa", disse James aos jornalistas. "Mas, infelizmente, os fatos vão revelar que, efetivamente, ela estava muito envolvida". "Descobrimos o esquema e ela se beneficiou pessoalmente", acrescentou.
Ao longo da manhã, a Promotoria apresentou documentos e e-mails enviados por ela, que evidenciam sua participação em negociações com bancos e a aquisição de uma empresa na Flórida, embora ela tenha respondido muitas vezes que "não se lembra".
Ao ser perguntada pela Promotoria se esteve envolvida na elaboração dos demonstrativos financeiros de seu pai, respondeu: "não, até onde sei".
- US$ 250 milhões -
Trump, favorito para a indicação republicana às eleições presidenciais de 2024, foi interrogado na segunda-feira e protagonizou diversos embates com o juiz, denunciando o julgamento como uma "desgraça" e "interferência eleitoral".
Tanto o republicano como seus filhos não correm risco de prisão nesse caso, mas podem ser multados em até 250 milhões de dólares (cerca de R$ 1,2 bilhão) e proibidos de dirigir a empresa familiar.
Antes mesmo do início do julgamento, o juiz Engoron considerou que a Procuradoria-Geral do Estado de Nova York apresentou "provas conclusivas" de que Trump havia inflado seu patrimônio líquido entre 812 milhões e 2,2 bilhões de dólares (R$ 3,9 bilhões e R$ 10,7 bilhões) nos demonstrativos financeiros entre os anos de 2014 e 2021.
Como consequência, o juiz determinou a liquidação das sociedades que administravam esses ativos, como a Trump Tower e o arranha-céu número 40 de Wall Street.
Essa decisão judicial está suspensa, à espera da resolução de um recurso, mas suas consequências são potencialmente devastadoras e evidenciam o muito que está em jogo para o ex-presidente.
O julgamento civil por fraude é o primeiro de uma série de desafios judiciais que o bilionário terá que enfrentar enquanto ainda sonha em retornar à Casa Branca.
Em março de 2024, Trump voltará ao banco dos réus em um tribunal federal de Washington para responder às acusações de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020, nas quais foi derrotado pelo presidente Joe Biden.
D.Torres--LGdM