Hospitais do norte de Gaza 'fora de serviço'; combates cada vez mais intensos
Os hospitais do norte de Gaza estão "fora de serviço" e o número de pacientes mortos por falta de energia elétrica não para de aumentar, afirmou nesta segunda-feira (13) o Ministério da Saúde do Hamas, em um momento de intensificação dos combates entre o Exército israelense e os integrantes do movimento islamista palestino.
Centenas de pacientes permanecem no hospital Al Shifa, o maior de Gaza, que também abriga civis que buscaram refúgio após a ofensiva de Israel, iniciada após o ataque do Hamas contra o território do país que deixou quase 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta segunda-feira que 2.300 pessoas estão dentro do complexo de Al Shifa, incluindo pacientes, funcionários e deslocados.
"Há dezenas de mortos e centenas de feridos que não podemos atender. As ambulâncias estão paradas porque são alvos de tiros quando saem", afirmou o diretor do hospital, Mohamad Abu Salmiya.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, qualificou a situação de Al Shifa como "grave e perigosa" devido à falta de energia elétrica e de água, consequência do cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza há mais de um mês.
Várias testemunhas relataram bombardeios intensos durante a noite e afirmaram que tanques e blindados foram posicionados a poucos metros da entrada do hospital.
Israel acusa o Hamas de esconder equipamento militar nos centros médicos.
Yusef Abu Rish, vice-ministro da Saúde do governo de Hamas, afirmou à AFP que desde sábado "sete bebês prematuros e 27 pacientes no CTI" morreram devido à falta de energia elétrica no hospital Al Shifa.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, mais de 11.100 pessoas morreram na ofensiva israelense desde o início do conflito, a maioria civis.
Mohamad Shtayyeh, o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, pediu à ONU e à União Europeia que enviem ajuda por via aérea ao norte de Gaza.
- Combates intensos -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou no domingo ao canal americano NBC que existe a possibilidade de um acordo para libertar os quase 240 reféns sequestrados pelo Hamas durante a ofensiva de 7 de outubro.
"Quanto menos eu falar sobre isto, mais eu amento as chances de que se concretize", disse.
Israel anunciou nesta segunda-feira que estabelecerá um "corredor" em Gaza para que os civis abandonem a área do hospital Al Shifa.
Os militares israelenses informaram que seus soldados prosseguem com as "operações contra infraestruturas terroristas instaladas em prédios governamentais, em meio à população civil, incluindo escolas, universidades e mesquitas".
O comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic, pediu "pausas reais" nos combates em Gaza que permitam a entrega urgente de combustíveis para o funcionamento dos hospitais.
- Pacientes "sem atendimento" -
Os escritórios da ONU em todo o mundo baixaram suas bandeiras a meio mastro nesta segunda-feira em sinal de luto e fizeram um minuto de silêncio em homenagem a seus trabalhadores mortos em Gaza durante o conflito.
A situação também é crítica para outros centros de saúde do território palestino, disse Mohamed Zaqut, diretor da rede hospitalar de Gaza.
Os pacientes "estão nas ruas sem atendimento após as saídas forçadas" dos hospitais pediátricos Al Nasr e Al Rantissi, explicou diretor.
O Crescente Vermelho palestino afirmou que outro hospital, o centro Al Quds, parou de funcionar no domingo por falta de combustível.
"O Exército israelense ordenou que saíssemos do hospital Al Quds", disse à AFP Islam Shamallah, que precisou caminhar mais de 10 quilômetros com a filha nos braços, ao lado do marido e de outros três filhos que se deslocam com dificuldades.
Quase 1,6 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza abandonaram suas casas desde o início da guerra.
No sul do território palestino, perto da passagem de fronteira com o Egito, centenas de milhares de deslocados aguardam a entrada de ajuda humanitária, que é autorizada de maneira lenta e insuficiente, segundo a ONU.
A Turquia anunciou nesta segunda-feira que um navio com material hospitalar atracou no porto egípcio de El Arish, perto de Gaza.
S.Cisneros--LGdM