Israel anuncia apreensão do porto de Gaza e mantém operação em hospital
O Exército israelense continua, nesta quinta-feira (16), com sua operação contra o Hamas em Gaza, onde tomou o porto e prossegue a incursão no principal hospital do território, apesar das críticas e da preocupação internacional com os civis dentro do estabelecimento.
O Exército anunciou que assumiu o "controle operacional" do porto da cidade de Gaza, no norte do território palestino, e acusa o movimento islamista Hamas de utilizá-lo "como centro de treinamento para suas forças de comando naval, a fim de planejar e executar ataques terroristas".
O porto de Gaza é pequeno e limitado às atividades pesqueiras, devido ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder no território palestino, em 2007.
As tropas israelenses já tomaram o Parlamento, os edifícios do governo e da polícia militar em Gaza - todos "vazios", segundo o Hamas.
O Exército também confirmou à AFP nesta quinta-feira que suas tropas continuam mobilizadas nas instalações do hospital Al Shifa, onde a ONU estima que haja 2.300 pessoas.
O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel "destruiu o serviço de radiologia" do hospital e danificou os serviços de tratamento de queimaduras e diálise.
Na quarta-feira, Israel lançou o que chamou de "operação seletiva" neste complexo, onde afirma que o Hamas - considerado uma "organização terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel - tem uma base militar.
O Exército israelense disse ter encontrado ali "munições, armas e equipamento militar" pertencentes ao Hamas e publicou imagens de armas, granadas e outros equipamentos de guerra.
O Ministério da Saúde do Hamas refutou a acusação, afirmando que a posse de armas em hospitais da sua rede "não é autorizada".
A AFP não pôde confirmar de forma independente as afirmações de nenhum dos lados.
- Ataque a posto de gasolina -
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista, bombardeando diariamente a Faixa de Gaza e colocando-a sob cerco total.
Esta ofensiva deixa mais de 11.500 palestinos mortos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Esta mesma fonte indicou que várias dezenas de pessoas morreram em bombardeios noturnos israelenses em Gaza, incluindo nove civis em um ataque a um posto de gasolina no acampamento de refugiados de Nuseirat (centro).
- Pausas humanitárias -
Pela primeira vez desde o início da guerra, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar uma resolução que pede "pausas humanitárias e corredores humanitários amplos e urgentes" que permitam que a ajuda chegue à Faixa de Gaza.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1,65 milhão de pessoas - dois terços da população - foram forçadas a fugir de suas casas, devido ao conflito.
O ataque das tropas israelenses ao hospital Al Shifa gerou condenação internacional e apelos à proteção dos civis palestinos.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta quinta-feira uma investigação internacional, após as "acusações extremamente graves" de violações do direito internacional, "independentemente de quem as cometa".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um apoio-chave de Israel na guerra contra o Hamas, pediu ao seu aliado para ser "extremamente cuidadoso" nesta operação dentro do hospital.
- "Não se deixe consumir pelo ódio" -
Enquanto isso, as famílias dos 240 reféns detidos pelo Hamas exigem um acordo imediato do governo de Benjamin Netanyahu para sua libertação e, na terça-feira, iniciaram uma marcha em Tel Aviv até o gabinete do primeiro-ministro, em Jerusalém.
Biden afirmou estar "um pouco esperançoso" de que tenha havido um resultado positivo nas negociações para a libertação dos reféns, nas quais o Catar atua como mediador.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, exigiu a "libertação imediata" dos sequestrados durante uma visita ao kibutz Beeri, onde pelo menos 85 pessoas morreram nas mãos de combatentes do Hamas, e cerca de 30 foram raptadas.
Borrell também pediu a Israel "que não se deixe consumir pelo ódio".
Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia. A polícia israelense anunciou, nesta quinta-feira, que matou três agressores, após um "tiroteio" perto de um posto de controle de segurança que liga Jerusalém à Cisjordânia.
F.Castillo--LGdM