Intenções de voto para Mulino, candidato substituto de Martinelli, aumentam no Panamá
O candidato opositor de direita José Raúl Mulino, herdeiro político do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, inabilitado após uma condenação por lavagem de dinheiro, aumentou sua vantagem nas intenções de voto a quase um mês das eleições presidenciais, segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira(3).
Entre os entrevistados, 29,4% disseram que votariam em Mulino em 5 de maio, quase a mesma porcentagem que somam juntos os três candidatos seguintes nas intenções de voto, segundo a pesquisa da empresa Mercado Planificado publicada pelo jornal La Prensa.
As eleições presidenciais no Panamá ocorrem em apenas um turno e são vencidas por maioria simples.
Mulino era candidato a vice-presidente de Martinelli, mas o ex-presidente (2009-2014) foi inabilitado após ser condenado a quase onze anos de prisão por lavagem de dinheiro. Após essa decisão judicial se asilou há dois meses na embaixada da Nicarágua, de onde pediu das redes sociais o voto para seu substituto.
"A verdade crua e dura é que o voto de Martinelli é o que me mantém aqui", disse Mulino em entrevista ao jornal Metro Libre.
Martinelli "é um homem que as pessoas não apoiam, [mas] veneram", acrescentou.
Em uma pesquisa anterior da mesma consultoria, em 12 de março, Mulino, que se apresenta pelo partido Realizando Metas (RM, as siglas de Martinelli), obteve 26% das preferências.
Na nova sondagem, é seguido nas intenções de voto por outros três opositores: o ex-presidente socialdemocrata Martín Torrijos (2004-2009), com 11,6%; o ex-chanceler Rómulo Roux, com 10,5%; e o advogado Ricardo Lombana, com 10,4%.
O candidato do partido do governo, o socialdemocrata PRD, José Gabriel Carrizo, aparece em sexto lugar entre os oito candidatos na disputa, com apenas 4,6%, abaixo da deputada populista Zulay Rodríguez, com 5,8%. Entre os entrevistados, 23,2% declararam estar indecisos.
Apesar dos bons números da pesquisa, Mulino enfrenta um obstáculo judicial, já que a Corte Suprema analisa um processo contra ele por sua nomeação como candidato presidencial diretamente por Martinelli, sem passar por eleições primárias, como estabelece o Código Eleitoral. Não há data anunciada para a decisão do tribunal.
Mesmo cercado por seus problemas judiciais, Martinelli ainda conta com o apoio de muitos panamenhos, que lembram com nostalgia do bom período econômico vivido pelo país durante seu mandato.
Advogado de 64 anos, Mulino foi ministro da Segurança de Martinelli e esteve em prisão preventiva entre 2015 e 2016 por suposta corrupção, mas a Suprema Corte anulou o caso por erros processuais.
Durante a ditadura de Manuel Antonio Noriega (1983-1989), Mulino foi um dos líderes da chamada Cruzada Civilista, que se opunha ao general.
Após a invasão dos Estados Unidos, que derrubou Noriega em 1989, o candidato foi ministro das Relações Exteriores do presidente Guillermo Endara (1989-1994).
E.Sanchez--LGdM