Equador está aberto a resolver diferenças com México após invasão de embaixada
O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse nesta segunda-feira (8) que está disposto a "resolver qualquer diferença" com o México, mas alertou que "justiça não se negocia", em referência à prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas, asilado pelo governo mexicano.
"Ao povo irmão do México, quero expressar que sempre estarei disposto a resolver qualquer diferença, mas que a justiça não se negocia e que jamais protegeremos criminosos que fizeram mal aos mexicanos", escreveu Noboa em um comunicado divulgado pelo X (antigo Twitter).
O presidente defendeu sua decisão de invadir na sexta-feira a embaixada mexicana, argumentando que não podia correr "o risco de uma iminente fuga". "Não poderíamos permitir o asilo de criminosos condenados, envolvidos em crimes muito graves", afirmou.
Mais cedo, a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, havia dito em uma entrevista ao canal Teleamazonas que seu país estava aberto a "restabelecer relações" com o México.
O México rompeu seus canais diplomáticos com o Equador no sábado, depois da invasão policial a sua embaixada em Quito para prender Glas.
Sommerfeld reconheceu que "os dois países foram afetados", mas que "o Equador recebeu uma provocação, com repetidas violações".
Para ela, o "mais grave" foi a declaração do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. Ele "questiona a legitimidade das últimas eleições, questiona nossas eleições livres, democráticas e, acima de tudo, questiona um luto nacional que até hoje carregamos", disse, referindo-se ao assassinato do candidato presidencial centrista Fernando Villavicencio às vésperas das eleições de agosto de 2023.
"Houve interferência em assuntos internos do Estado. Isso também viola" a Convenção de Viena, afirmou Sommerfeld.
Quito alega que o asilo concedido pelo México a Glas, de 54 anos, é "ilícito", pois ele é investigado por um crime comum (peculato por obras de reconstrução). Em 2022, o ex-vice-presidente saiu da prisão após cumprir cinco dos anos aos quais foi condenado por corrupção.
A advogada de Glas, Sonia Vera, disse à AFP que seu cliente foi "sequestrado" durante a operação na embaixada e que espera que sua "condição de asilado diplomático seja restabelecida". O México mantém o asilo concedido a Glas.
A crise entre os dois países escalou na quinta-feira, quando Quito expulsou a embaixadora mexicana, Raquel Serur, após os comentários de López Obrador.
A invasão da embaixada foi condenada por grande parte da comunidade internacional. A Nicarágua também rompeu relações com o Equador e a Bolívia convocou sua embaixadora em Quito.
O México fechou indefinidamente seus escritórios diplomáticos no Equador, enquanto Quito retirou seus funcionários da embaixada na Cidade do México, mas mantém abertos seus dois consulados.
R.Espinoza--LGdM