Chile exige colaboração da Venezuela para esclarecer morte de dissidente
O presidente do Chile, Gabriel Boric, assegurou, nesta sexta-feira (12), que não permitirá a "impunidade" do homicídio de um militar reformado dissidente do regime de Nicolás Maduro, que vivia como refugiado em Santiago, e que teria se originado em uma motivação política orquestrada na Venezuela.
Ronald Ojeda, militar reformado do Exército da Venezuela, foi sequestrado em 21 de fevereiro após ser tirado de madrugada vestindo roupas íntimas do apartamento onde vivia em Santiago por pessoas que fingiram ser policiais chilenos.
Nove dias depois, Ojeda, de 32 anos, foi encontrado morto dentro de uma mala que havia sido enterrada em uma favela da capital chilena.
"Pedimos e exigimos à Venezuela toda a colaboração requerida neste caso para que busquem e coloquem à disposição da justiça os suspeitos de ter executado ou colaborado neste assassinato vil", disse Boric a jornalistas.
"Não só não vamos permitir a impunidade, mas [...] vamos esgotar todas as instâncias, tanto nacionais quanto internacionais", acrescentou o presidente e crítico do governo de Nicolás Maduro.
O Ministério Público aponta "para a hipótese mais plausível de que houve uma motivação política", disse a ministra do Interior, Carolina Tohá, em uma declaração no palácio do Governo.
"De quem é essa motivação política? Isso a própria investigação tem que esclarecer", acrescentou.
- Crime transnacional -
A investigação até agora estabeleceu que membros de uma organização criminosa transnacional, possivelmente do "Tren de Aragua", foram os autores materiais de um sequestro organizado na Venezuela.
A vítima não tinha nenhuma relação com o crime organizado e desenvolvia atividades lícitas no Chile, que lhe concedeu refúgio político após fugir de uma prisão venezuelana depois de ser acusado de conspiração. Nas redes sociais, Ojeda se autodenominava como um "preso político".
"O perfil que a vítima tem é um perfil político. Estamos falando de uma vítima que participou de ações contra o governo venezuelano e que, em segundo lugar, esteve presa nove meses na Venezuela e fugiu", explicou nesta sexta o promotor a cargo da investigação, Héctor Barros.
"Nunca disse que isso é de contrainteligência, mas sim um crime transnacional que foi orquestrado na Venezuela", disse Barros.
Dois venezuelanos foram apontados como autores do crime. O Ministério Público afirma que eles fugiram quase de imediato para a Venezuela, por isso pedirá sua extradição.
"Esperamos que uma vez apreendidos, possam vir ao Chile enfrentar a Justiça e os que forem indicados como culpados deste assassinatos sejam condenados por crimes cometidos em solo chileno", acrescentou o presidente chileno.
Y.Dominguez--LGdM