Irã diz que não teve opção além de atacar Israel, que pede sanções contra Teerã
O Irã afirmou neste domingo (14), diante da ONU, que "não teve escolha" a não ser lançar centenas de drones e mísseis contra Israel, que pediu à organização que aplicasse "todas as sanções possíveis" contra Teerã.
O ataque gerou preocupação global e apelos à moderação para evitar uma escalada de consequências imprevisíveis em uma região marcada por mais de seis meses de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Israel disse, neste domingo, que o ataque iraniano da noite de sábado "foi frustrado", graças a uma “coalizão defensiva de aliados internacionais” liderada pelos Estados Unidos.
Já o Irã comemorou uma operação que alcançou "todos os seus objetivos".
A ofensiva de Teerã foi uma resposta ao bombardeio de seu consulado em Damasco, em 1º de abril, que atribuiu a Israel e no qual sete integrantes do Exército de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) morreram, incluindo dois generais.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, advertiu que qualquer resposta "temerária" de Israel a seu inédito ataque de sábado levaria a uma resposta militar "decisiva e muito mais forte".
Da mesma forma, o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, argumentou no domingo que o "Conselho de Segurança falhou em seu dever de manter a paz e a segurança internacionais", ao não condenar o ataque de 1º de abril.
Diante disso, declarou na reunião de emergência do Conselho que seu país "não teve escolha a não ser exercer seu direito à autodefesa" ao atacar Israel.
O embaixador israelense, Gilad Erdan, por sua vez, defendeu na reunião que o Conselho de Segurança "precisa agir" e impor "todas as sanções possíveis ao Irã antes que seja tarde demais".
- Escalada preocupante -
Os Estados Unidos indicaram que não participarão de nenhum possível contra-ataque de Israel contra o Irã.
"Não faríamos parte de nenhuma resposta que eles fizessem", declarou um funcionário do alto escalão do governo do presidente Joe Biden.
Em uma conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Biden "deixou muito claro [...] que precisamos pensar cuidadosa e estrategicamente sobre os riscos de uma escalada", relatou o funcionário.
O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, disse que 99% dos drones e mísseis foram interceptados com a ajuda de Estados Unidos, Jordânia e outros aliados.
Segundo ele, apenas alguns mísseis balísticos "entraram e atingiram levemente" uma base militar, que segue em operação.
Por outro lado, a agência oficial de notícias iraniana Irna reportou "graves danos na base aérea mais importante do Negev", no sul de Israel.
Os bombardeios iranianos deixaram 12 feridos, segundo os militares israelenses, entre eles uma menina de sete anos, detalhou um centro médico.
O Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, ambos aliados do Irã, também realizaram ataques em paralelo contra Israel.
Jornalistas da AFP relataram ter ouvido várias explosões em Jerusalém na manhã deste domingo, enquanto os moradores procuravam abrigo e estocavam água.
Israel ordenou no sábado o fechamento de suas escolas, mas, após reavaliar a situação, o exército anunciou que elas seriam reabertas nesta segunda-feira.
O G7, que reúne as sete principais potências econômicas globais, condenou de forma unânime o ataque iraniano e pediu "moderação" às diferentes partes.
"Exigimos que o Irã e seus aliados cessem seus ataques e estamos prontos para tomar novas medidas agora, em caso de novas iniciativas de desestabilização", indicou em nota o bloco composto por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão.
- Gaza na mira -
Durante a sessão do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que "nem a região nem o mundo podem se permitir mais guerras" e que "o Oriente Médio está à beira do abismo".
No Vaticano, o papa Francisco lançou um "apelo urgente" para deter "uma espiral de violência" que poderia "arrastar o Oriente Médio para um conflito ainda maior".
O ataque iraniano aumentou o risco de uma explosão regional que tem estado presente desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro.
O G7 também pediu o fim da crise em Gaza por meio de um "cessar-fogo e a libertação dos reféns nas mãos do Hamas", o movimento islamista no poder no território palestino.
O exército israelense afirmou que o Hamas mantém reféns na cidade de Rafah, no sul de Gaza, e que Netanyahu planeja invadir apesar da pressão internacional.
A guerra entre Israel e Hamas explodiu quando combatentes do movimento mataram cerca de 1.170 pessoas em território israelense, a maioria civis, segundo um cálculo da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.729 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
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R.Espinoza--LGdM