Israel promete responder ao ataque do Irã, que reitera ameaças
Israel prometeu responder ao ataque sem precedentes do Irã, apesar dos pedidos de moderação da comunidade internacional, incluindo Estados Unidos, que teme um agravamento da guerra em Gaza, com a propagação do conflito pelo Oriente Médio.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, reiterou nesta terça-feira que o país responderá de forma "severa" a "menor ação" de Israel contra "os interesses do Irã".
Teerã executou no sábado à noite um ataque inédito contra o território israelense, que chamou de ação de "autodefesa", após o bombardeio contra o consulado iraniano em Damasco (Síria) em 1º de abril, uma operação atribuída a Israel que matou sete integrantes da Guarda Revolucionária.
Os apelos são cada vez mais intensos para tentar dissuadir o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de lançar uma resposta que possa aumentar as tensões no Oriente Médio, onde Israel está em guerra com o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza há mais de seis meses.
O comandante do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi, prometeu na segunda-feira que o país responderá ao Irã, durante uma visita à base militar de Nevatim, sul do país, que foi atingida durante o ataque com mais de 300 drones e mísseis durante sábado.
- Uma "ofensiva diplomática" -
Israel anunciou nesta terça-feira que iniciou uma "ofensiva diplomática" contra o Irã e pediu a 32 países que adotem sanções contra a Guarda Revolucionária da República Islâmica e seu programa de mísseis.
O governo israelense informou que interceptou quase todos os mísseis e drones com a ajuda dos Estados Unidos e outros aliados, como França e Reino Unido, e países da região, como Jordânia e Arábia Saudita, segundo a imprensa.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na segunda-feira à comunidade internacional para "permanecer unida" diante da agressão do Irã, que chamou de "ameaça" para a paz mundial.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que deseja evitar que o conflito se propague pelo Oriente Médio e, embora Washington tenha reiterado seu apoio inabalável a Israel, já alertou que não participará em uma ação de represália.
Reino Unido e França também se distanciaram de uma retaliação e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu no domingo que o Oriente Médio está "à beira do abismo".
A guerra em Gaza explodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel e mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.
Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.843 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.
- "Exercer a moderação" -
Desde a fundação da República Islâmica, o Irã pede a destruição de Israel e Teerã celebrou o ataque do Hamas, embora tenha destacado que não foi informado com antecedência.
Até agora, o Irã havia evitado atacar Israel frontalmente e os dois países travaram confrontos indiretos, em particular em operações que envolvem os aliados de Teerã, como o movimento libanês Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, conversou com seu homólogo iraniano, Hossein Amir Abdollahian, informou a agência estatal chinesa Xinhua, segundo a qual Teerã está "disposto a exercer a moderação".
Israel prosseguiu nesta terça-feira com os bombardeios na Faixa de Gaza, um território devastado pelo conflito e onde os 2,4 milhões de habitantes enfrentam a escassez de produtos essenciais devido ao cerco israelense, imposto no início da guerra, e o risco de um cenário de fome "catastrófico", segundo a ONU.
Netanyahu mantém a determinação de iniciar uma operação em Rafah, cidade do sul de Gaza onde 1,5 milhão de palestinos estão aglomerados, a maioria deslocados pela guerra, apesar das advertências dos Estados Unidos e de outros países, que temem pelas vidas dos civis.
A guerra em Gaza agravou a violência na Cisjordânia e a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos fez um apelo às forças israelenses para que interrompam "imediatamente" o seu apoio aos colonos que atacam os palestinos neste território ocupado.
Além disso, a Comissão de Investigação da ONU sobre os Territórios Palestinos e Israel, presidida por Navi Pillay, acusou as autoridades israelenses de "obstruir" os seus esforços para entrevistar as vítimas dos ataques do Hamas em 7 de outubro.
D.Vasquez--LGdM