Equador aprova extradição em referendo (boca de urna)
O Equador aprovou neste domingo a extradição, em um referendo para endurecer as leis contra o crime organizado, aponta uma pesquisa de boca de urna.
O "sim" à extradição recebeu 72% de apoio, contra 25% do total de votos, incluindo os brancos e nulos, segundo pesquisa da empresa Infinity Estrategas, contratada pelo governo, divulgada pelo canal Teleamazonas.
O dia foi marcado pelo assassinato de Damián Parrales, que havia assumido há cinco dias como diretor da prisão conhecida como El Rodeo, localizada na costeira Portoviejo (sudoeste). Parrales foi morto quando almoçava com a família em um restaurante do povoado de Jipijapa, segundo a imprensa local.
Cerca de 13,6 milhões dos 17,7 milhões de habitantes foram chamados a votar "sim" ou "não" em 11 questões propostas pelo presidente Daniel Noboa, que buscará a reeleição em fevereiro de 2025.
A extradição de equatorianos é proibida pela Constituição desde 1945. A população havia sido consultada sobre o assunto em fevereiro de 2023, antes do assassinato do candidato à presidência Fernando Villavicencio, e o "não" venceu com 52%.
- Oxigênio para Noboa -
Mais cedo, o presidente Noboa havia mostrado confiança nos resultados. "Esse referendo definirá o rumo e a política de Estado que seguiremos para poder enfrentar o desafio de lutar contra a violência, o crime organizado”, expressou.
Aos 36 anos e eleito em votações atípicas para um período de 18 meses, para concluir o mandato de Guillermo Lasso, Noboa incluiu nesta consulta popular a ampliação das funções dos militares no combate ao crime e o aumento das penas para crimes como o tráfico de drogas.
Pesquisas apontavam uma vitória do "sim" com até 65% dos votos, em um contexto de massacres nas ruas, de violência política e do crescente poder dos traficantes de droga.
Em outros dos temas consultados, a oposição rejeitava, principalmente, o estabelecimento de um contrato de trabalho por horas e o reconhecimento da arbitragem internacional para a solução de controvérsias. Segundo a pesquisa, divulgada também pelo jornal El Universo, ambas as perguntas foram apoiadas pela maioria.
- Segunda tentativa -
Mais de dez políticos foram mortos a tiros desde 2023, quando os homicídios atingiram um recorde de 43 por 100 mil habitantes, em comparação com 6 em 2018.
No sul, dois prefeitos foram assassinados entre quarta e sexta-feira. Há um mês também mataram a prefeita de um balneário no Pacífico.
Com uma popularidade de 69%, Noboa declarou guerra às organizações ligadas a cartéis no México e na Colômbia após um violento ataque em janeiro, com cerca de vinte mortes.
Em seguida, decretou estado de conflito armado interno e ordenou que as Forças Armadas derrotassem 20 grupos considerados "terroristas" e "beligerantes".
- Apagões -
Desde janeiro, Noboa militarizou as prisões, centros de operações de traficantes e de massacres sangrentos entre prisioneiros que deixaram mais de 460 mortos desde 2021.
A mão pesada reduziu a taxa de homicídios segundo o governo, mas a violência piorou no último mês.
O Equador sofre também a maior crise elétrica de sua história. O governo sustenta que, além da seca iniciada em março, sabotagens e corrupção afetaram o funcionamento das hidrelétricas.
Diante da emergência, o Executivo decretou feriados obrigatórios na quinta e sexta-feira, mas garantiu que haverá luz neste domingo.
Seis das perguntas eram dirigidas a reformas legais (consulta popular), e cinco, a emendas constitucionais (referendo). A maioria buscava dar um protagonismo inédito às Forças Armadas na guerra contra o narcotráfico.
A.Cantu--LGdM