China e EUA devem ser 'parceiros, não rivais', afirma Xi a Blinken
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou nesta sexta-feira (26) ao chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que visita Pequim, que os dois países, as maiores economias do mundo, deveriam ser "parceiros, não rivais", ao mesmo tempo que fez um alerta sobre os "muitos problemas" que devem ser resolvidos na relação bilateral.
Em uma demonstração da importância que os dois países atribuem à relação, o chefe de Estado chinês recebeu, no Grande Salão do Povo, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, que cumpre desde quarta-feira sua segunda visita à China em menos de um ano.
Xi reconheceu que os dois países registraram "alguns progressos positivos" desde que ele se reuniu com o presidente americano, Joe Biden, no fim do ano passado, informou o canal estatal CCTV.
Mas persistem "muitos problemas que precisam ser resolvidos e ainda há espaço para esforços adicionais", acrescentou.
"Eu propus três princípios principais: respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para todos", acrescentou o líder chinês. "A Terra é grande o suficiente para abrigar o desenvolvimento comum e... a prosperidade da China e dos Estados Unidos", insistiu o presidente chinês.
"Quando este problema fundamental for resolvido... as relações poderão verdadeiramente estabilizar, melhorar e avançar", declarou Xi.
Blinken também se reuniu com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, com quem disse que teve uma conversa "longa e construtiva" de mais de cinco horas.
Segundo uma fonte do governo americano, o secretário de Estado expressou, entre outras questões, a preocupação de Washington com o apoio que o governo da China concede à Rússia de Vladimir Putin.
Wang advertiu que as pressões do governo americano podem provocar um declínio das relações bilaterais.
As autoridades de Pequim estão incomodadas com a pressão econômica do governo Joe Biden, que vetou as exportações de semicondutores para o país asiático e ameaça proibir a operação da plataforma TikTok nos Estados Unidos caso a rede social não corte relações com a sua empresa matriz chinesa.
Wang reconheceu que as relações entre os dois países "estavam começando a estabilizar" após a reunião de novembro em San Francisco entre os presidentes.
"Mas, ao mesmo tempo, estão surgindo e aumentando os fatores negativos na relação", advertiu o ministro das Relações Exteriores chinês.
Ele garantiu que a China sempre "defende o respeito dos interesses fundamentais de cada parte" e pediu que os Estados Unidos "não ultrapassem a linha vermelha de Pequim" a respeito da soberania, segurança e desenvolvimento.
- "Responsabilidade compartilhada" -
Apesar da contundência de Wang, fontes do governo americano e analistas acreditam que a prioridade de Xi é controlar as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país e que, ao menos a curto prazo, ele deseja evitar um confronto com o Ocidente.
Blinken insistiu que as partes devem administrar a relação com "responsabilidade".
Os dois países devem ser "o mais claros possível sobre as áreas em que mantemos diferenças, pelo menos para evitar mal-entendidos e erros de cálculo", disse.
"Isso é realmente uma responsabilidade compartilhada que temos não apenas para com nossos povos, mas para com as pessoas em todo o mundo", afirmou.
A equipe de Blinken destacou que ele pretendia solicitar à China moderação diante da posse, em maio, de um novo presidente em Taiwan (a ilha de governo autônomo reivindicada por Pequim) e pedir que o país utilize sua influência sobre o Irã para tentar conter a ameaça de um conflito aberto com Israel.
Biden, que conversou recentemente por telefone com Xi, enfrenta uma dura batalha nas eleições presidenciais de novembro contra o seu antecessor, o republicano Donald Trump, que adotou uma política beligerante em relação à China durante seu mandato.
A administração democrata americana destacou os progressos alcançados graças à aproximação diplomática com a China, como o compromisso de Pequim de impor um maior controle à exportação dos precursores químicos do fentanil, um opioide responsável por uma epidemia de dependência nos Estados Unidos.
Porém, ao mesmo tempo, em algumas áreas o governo Biden exerce uma pressão sobre a China ainda maior que a de Trump.
Um exemplo é a recente lei aprovada pelo Congresso e assinada por Biden para forçar a venda do TikTok, que pertence à empresa chinesa ByteDance. Caso isto não aconteça, a plataforma corre o risco de ser proibida nos Estados Unidos.
As autoridades americanas alegam preocupações de segurança e privacidade vinculadas ao aplicativo, que é muito popular entre os jovens do país.
A ByteDance, que nega as acusações, reiterou na quinta-feira que não tem a intenção de vender a plataforma de vídeos.
F.Deloera--LGdM