Corte analisa legalidade da candidatura de favorito às presidenciais do Panamá
A Suprema Corte do Panamá começou a analisar, nesta terça-feira (30), a legalidade da candidatura presidencial do opositor direitista José Raúl Mulino, substituto do ex-presidente asilado Ricardo Martinelli e favorito a vencer as eleições do próximo domingo.
O órgão judicial informou, em nota, que os magistrados "acordaram se manter em uma sessão permanente até chegarem a uma decisão" sobre a ação apresentada contra o Tribunal Eleitoral (TE) por ter aceito a candidatura de Mulino.
A corte não informou até quando estarão em sessão permanente, nem se a resolução será anunciada antes ou depois das eleições, gerando temores de uma crise política.
Mulino lidera as pesquisas com entre 25% a 30% das intenções de voto, o dobro de seus seguidores imediatos: o ex-presidente social-democrata Martín Torrijos (2004-2009); e os advogados de centro direita Ricardo Lombana e Rómulo Roux.
Também advogado, Mulino, de 64 anos, era candidato a vice-presidente de Martinelli pelos partidos Realizando Metas (fundado pelo ex-governante) e Aliança.
No entanto, Martinelli foi inabilitado pelo TE após ter sido condenado a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro, e assim pediu asilo na embaixada da Nicarágua.
Este tribunal deu seu aval, então, a que Mulino substituísse o ex-chefe de Estado como candidato presidencial. Foi um "golpe na institucionalidade democrática", afirmou à AFP Lina Vega, presidente da Transparência Internacional no Panamá.
Uma advogada apresentou a ação contra esta decisão, argumentando que ele não havia sido eleito nas primárias, nem tinha candidato a vice,
- "Martinelli é Mulino" -
O decreto que regula estas eleições, decididas no primeiro turno e por maioria simples, diz que os candidatos presidenciais devem passar pelas primárias se o partido político pelo qual se lançar tiver mais de 100.000 afiliados.
Segundo o Tribunal Eleitoral, o partido Realizando Metas (RM, iniciais de Martinelli) tem cerca de 200.000 membros.
Mulino foi ministro da Segurança durante o governo de Martinelli (2009-2014). No passado, também foi chanceler e ministro da Justiça. Entre 2015 e 2016, esteve em prisão preventiva por corrupção, mas foi libertado devido a erros processuais.
Apesar de estar asilado, Martinelli fez campanha eleitoral para Mulino e participou do encerramento da campanha no domingo passado por vídeo.
"Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli", diz o lema de campanha do candidato direitista.
Os seguidores de Martinelli garantem que em seu governo a economia, impulsionada por grandes obras de infraestrutura, como a ampliação do canal do Panamá e a primeira linha de metrô, estava melhor.
Alguns asseguram, inclusive, que Martinelli "roubou, mas fez".
- Incerteza -
A situação de Mulino gerou forte incerteza na reta final das eleições, que aumentou nesta terça a apenas cinco dias das eleições.
"Claro que dá certa ansiedade e incerteza não ter uma decisão da Corte", disse à AFP o sociólogo Danilo Toro.
No entanto, a maior tensão social e política pode ocorrer porque "não há atores políticos que apresentem condições de governabilidade para o Panamá" após as eleições, onde o vencedor pode ter menos de um terço dos votos, acrescentou.
As seções vão abrir às 07h locais (09h de Brasília) e fechar às 16h (18h de Brasília).
D.Quate--LGdM