Rússia ordena exercícios nucleares e ameaça atacar equipamentos militares britânicos na Ucrânia
A Rússia anunciou, nesta segunda-feira (6), que realizaria "em um futuro próximo" exercícios nucleares perto da Ucrânia e que seu Exército poderia atacar equipamentos militares nesse país, em resposta às declarações dos governantes de potências ocidentais sobre um possível de envio de soldados.
Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Putin menciona a possibilidade de recorrer às armas nucleares.
O Ministério da Defesa russo anunciou em um comunicado, publicado no Telegram, a organização de exercícios "para o treinamento da preparação e uso de armas nucleares não estratégicas", que podem ser utilizadas no campo de batalha e disparadas sobre mísseis.
O Kremlin afirmou que os exercícios são uma resposta às "ameaças" de líderes das potências ocidentais sobre a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, denunciou que autoridades falem sobre a "intenção de enviar contingentes armados para a Ucrânia, ou seja, de colocar soldados da Otan diante das Forças Armadas russas".
Peskov mencionou o presidente francês, Emmanuel Macron, cuja retórica chamou de "muito perigosa", assim como declarações de funcionários de alto escalão dos governos do Reino Unido e Estados Unidos.
Na semana passada, Macron reiterou a posição sobre o possível envio de tropas à Ucrânia "se os russos conseguirem romper as linhas da frente, se houver um pedido ucraniano", uma questão que já havia cogitado em fevereiro.
- Ataques a alvos britânicos -
O anúncio sobre os exercícios é "um exemplo do tipo de retórica irresponsável que temos visto por parte da Rússia no passado", reagiram os Estados Unidos.
"É completamente inapropriado dada a atual situação de segurança", disse aos jornalistas o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, acrescentando que não se observou "nenhuma mudança no posicionamento de forças estratégicas", mas seguirão "vigiando".
Os exercícios, ordenados por Putin, incluirão a Aeronáutica, a Marinha e as Forças do Distrito Militar do Sul, que têm sede muito perto da Ucrânia e abrangem as regiões ucranianas que Moscou alega ter anexado, segundo o Ministério da Defesa.
A data e o local dos exercícios não foram revelados.
A doutrina nuclear russa prevê o uso "estritamente defensivo" de armamento nuclear em caso de ataque ao país com armas de destruição em massa ou em caso de agressão com armas convencionais "que ameacem a existência do Estado".
Ainda nesta segunda, a Rússia também ameaçou atacar alvos britânicos na Ucrânia "e mais além", caso Kiev empregue armas fornecidas pelo Reino Unido contra seu território.
A diplomacia russa indicou que o embaixador britânico Nigel Casey foi convocado após declarações do chanceler britânico, David Cameron, que, segundo Moscou, faziam referência ao "direito da Ucrânia de atacar o território russo utilizando armas britânicas".
"N. Casey foi advertido de que qualquer instalação militar ou equipamento militar britânico na Ucrânia e mais além de suas fronteiras poderia ser alvo de represálias por ataques ucranianos com armas britânicas em território russo", indicou o Ministério russo em um comunicado.
Os comentários de Camareon, acrescentou, "contradizem diretamente as garantias dadas pela parte britânica" de que as armas transferidas para a Ucrânia não seriam utilizadas contra "território russo".
- Sete mortos perto de Belgorod -
No campo de batalha, o Exército russo reivindicou a conquista de mais duas localidades, no leste e nordeste da Ucrânia, onde as tropas de Moscou registraram vários avanços nos últimos meses.
O Ministério da Defesa russo informou que seus soldados "libertaram" as localidades de Kotlyarivka, no nordeste, e Soloviove, na região de Donetsk, no leste, perto da cidade de Ocheretybe, cuja captura Moscou reivindicou no domingo.
A Rússia está na ofensiva desde o fracasso da grande contraofensiva iniciada pela Ucrânia em meados de 2023, beneficiada pelo desgaste do Exército de Kiev, que enfrenta dificuldades para recrutar novos soldados para bloquear a operação militar de Moscou.
Ao menos seis pessoas morreram nesta segunda-feira e 35 ficaram feridas em um bombardeio ucraniano com drones na região russa fronteiriça de Belgorod, onde os ataques das forças de Kiev são frequentes, informou o governador Viacheslav Gladkov.
Logo depois, o funcionário informou sobre uma sétima morte em outro ataque aéreo à cidade de Nikolskoie.
D.Ancira--LGdM