EUA realiza exercício militar na Guiana que Venezuela considera uma 'ameaça'
Dois aviões de combate dos Estados Unidos sobrevoaram a Guiana nesta quinta-feira (9), no âmbito de um exercício militar coordenado entre os dois países, gerando "alertas" na vizinha Venezuela, que denunciou "provocações" e "ameaças" em meio à tensão pela centenário disputa sobre a rica região de Essequibo.
“O governo da Guiana aprovou o sobrevoo de dois F/A18F Super Hornets da Marinha dos Estados Unidos em Georgetown (...) em 9 de maio de 2024”, confirmou o governo guianense, pouco depois de a embaixada americana informar sobre a operação.
“Este exercício está sendo realizado no âmbito do pacto de cooperação em defesa entre a Guiana e os Estados Unidos da América e procura aprofundar a segurança no programa de cooperação em curso entre os nossos dois países”, acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou que o sobrevoo “ameaça a zona de paz” acordada entre o presidente Nicolás Maduro e seu homólogo guianense, Irfaan Ali, em dezembro, durante um período de alta tensão e temores de conflito armado pela disputa territorial.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, disse, por sua vez, que a manobra faz parte das “repetidas provocações” dos Estados Unidos, inimigo histórico do chavismo.
“Nosso Sistema Integral de Defesa Aeroespacial permanece ativado em caso de qualquer tentativa de violação do espaço geográfico venezuelano, incluindo nosso Território de Essequibo, alertou Padrino na rede social X.
O Essequibo tem uma área de 160 mil km2 e é rico em petróleo e minerais. É administrado pela Guiana, embora a Venezuela reivindique soberania com base nos limites traçados quando ainda era colônia da Espanha.
A disputa se intensificou em 2015 após a descoberta de campos de petróleo e desde então as tensões passaram por altos e baixos. A Guiana apelou ao Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) em 2018 para ratificar uma decisão de 1899 que estabeleceu as fronteiras atuais e rejeitada pela Venezuela.
Caracas, por sua vez, apela ao Acordo de Genebra de 1966, que assinou com a Grã-Bretanha antes da independência da Guiana e que anulou a decisão anterior, estabelecendo bases para uma solução negociada.
L.A. Beltran--LGdM