Rússia reivindica avanços na Ucrânia, que ordena retirada de centenas de pessoas
A Rússia reivindicou a captura de seis localidades no leste da Ucrânia neste sábado (11), e retirou centenas de pessoas de áreas próximas da fronteira.
Os avanços ocorrem um dia após o lançamento de uma ampla ofensiva russa que originou "combates intensos" em toda a linha da frente, segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que prometeu "destruir" as forças de "ocupação".
O Ministério da Defesa russo afirmou que nesta nova ofensiva, suas tropas tomaram cinco cidades ucranianas na região de Kharkiv (Borisivka, Ogirtseve, Pletenivka, Pylna e Strilecha), perto da fronteira russa, e uma sexta cidade mais a sul, Keramik, na região de Donetsk.
"Os confrontos pelo controle das aldeias (...) continua na zona fronteiriça", declarou o porta-voz militar ucraniano Nazar Voloshin na televisão.
Segundo o governador regional, Oleg Sinegubov, "1.775 pessoas foram evacuadas", escreveu ele nas redes sociais, acrescentando que a Rússia atacou com artilharia e morteiros cerca de 30 localidades da região nas últimas 24 horas.
Diversos moradores foram vistos em caminhões e carros com o máximo de malas que puderam carregar, em um ponto de chegada para pessoas retiradas da cidade de Kharkiv. Estes habitantes, muitos deles idosos, se registraram e receberam alimentação e assistência médica em tendas.
Liubov Nikolaieva, uma mulher de 61 anos que fugiu com a mãe, de 81, da cidade fronteiriça de Liptsi, contou à AFP que era "impossível" viver ali e que a sua família "ficou até ao último momento".
"Há fogo constante, de bombas aéreas guiadas a morteiros acima de nossas cabeças. Estávamos com muito medo", disse.
As forças do Kremlin fizeram pequenos avanços nesta área fronteiriça ucraniana, que invadiram em 2022 e da qual foram posteriormente expulsas no mesmo ano.
Estes são os últimos avanços de Moscou contra as tropas de Kiev, com menor número em homens e poder de fogo.
- Recuperar "a iniciativa" -
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou na sexta-feira que uma nova ofensiva terrestre russa na região de Kharkiv desencadeou um "batalha feroz".
"Temos que interromper as operações ofensivas russas e que a Ucrânia recupere a iniciativa", escreveu ele neste sábado.
Kharkiv está essencialmente sob controle de Kiev desde setembro de 2022.
Nos últimos meses, as forças de Kiev multiplicaram os ataques contra infraestruturas energéticas em território russo e em áreas do país ocupadas por Moscou. Uma das regiões russas mais atacadas foi Belgorod, na fronteira com Kharkiv.
Neste sábado, autoridades da região de Luhansk, no leste da Ucrânia e ocupada por Moscou, relataram quatro mortos em um ataque ucraniano a um armazém de petróleo na cidade de Rovenky.
O governador Leonid Pasechnik declarou que o incidente "incendiou o armazém de combustível e danificou as casas vizinhas".
No mesmo dia, um bombardeio atingiu um restaurante em Donestk, cidade no leste da Ucrânia controlada pela Rússia, e deixou três mortos.
"Como resultado de um bombardeio direto ao restaurante Paradise, no bairro de Kirov, em Donetsk, três civis morreram", informou Denis Pushilin, a autoridade nomeada pela Rússia na região, no Telegram, acrescentando que oito pessoas estão feridas.
As autoridades ucranianas reportaram outros seis civis mortos em bombardeios russos contra Donetsk, Kharkiv e Kherson nas últimas 24 horas.
Na Rússia, duas pessoas morreram em ataques ucranianos nas regiões de Belgorod e Kursk.
- Avanços "táticos" -
O Exército de Kiev disse ter mobilizado mais tropas, e Zelensky afirmou que suas forças estavam utilizando artilharia e drones para impedir o avanço russo em Kharkiv.
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos EUA, estimou na sexta-feira que a Rússia fez avanços táticos "significativos".
Considerou ainda que o principal objetivo de Moscou é "diminuir pessoal e material ucraniano de outros pontos críticos da frente oriental ucraniana", e não tanto desencadear uma "ofensiva de grande escala para cercar e tomar Kharkiv", a segunda maior cidade do país.
Segundo o especialista militar Olivier Kempf, da Fundação pela Pesquisa Estratégica, "o que vimos durante 24 horas é algo limitado", com "uma pequena preparação de artilharia e não uma grande concentração de tropas atrás". "Não é uma grande ofensiva (russa), não parece, 24 horas após o início das operações", disse à AFP.
Washington anunciou um novo pacote de ajuda militar de 400 milhões de dólares (R$ 2 bilhões na cotação atual) para Kiev horas após o início da nova operação russa, afirmando estar confiante na capacidade do Exército ucraniano de repelir qualquer ofensiva de Moscou.
D.F. Felan--LGdM