Otan reforça apoio à Ucrânia
Os países da Otan reforçaram seu apoio à Ucrânia nesta quarta-feira (10), durante uma cúpula histórica em Washington, com o envio de caças F-16, baterias de defesa antiaérea e reconhecendo que o país está em um "caminho irreversível" para se tornar membro da Aliança Atlântica.
"A Rússia continua sendo a ameaça mais significativa e direta à segurança dos aliados", afirma o comunicado final.
Na cúpula, "foram tomadas novas medidas para fortalecer nossa dissuasão e defesa, além de reforçar nosso apoio de longo prazo à Ucrânia para que possa prevalecer na guerra contra a Rússia", acrescenta o texto.
No entanto, os líderes expressaram preocupação com a posição da China, que "se tornou um facilitador decisivo da guerra da Rússia contra a Ucrânia através de sua chamada parceria 'sem limites' e seu amplo apoio à base industrial de defesa russa", acusam.
Antes da abertura oficial da cúpula, vários países da Otan já anunciaram o envio de caças F-16 para a Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que está na capital americana, afirmou que essas aeronaves estão aproximando o país "de uma paz justa e duradoura".
- "Caminho irreversível" -
Os F-16, vindos da Dinamarca e dos Países Baixos, "voarão nos céus ucranianos neste verão" no hemisfério norte, declarou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
A Casa Branca informou que Bélgica e Noruega prometeram fornecer mais aeronaves.
Embora a Ucrânia deseje receber um convite formal para se juntar à Otan, ainda terá que esperar devido à oposição de vários países, incluindo os Estados Unidos.
Por enquanto, a declaração reconhece que a Ucrânia está em um "caminho irreversível" em direção à adesão à Otan.
Segundo o chanceler alemão Olaf Scholz, as decisões tomadas pela Otan "oferecem à Ucrânia a clareza de que precisa".
Após comemorar com pompa o 75º aniversário da aliança militar ocidental na terça-feira, os líderes se reuniram no Conselho do Atlântico Norte.
O presidente dos Estados Unidos confirmou na noite de terça que os aliados fornecerão à Ucrânia um total de cinco sistemas de defesa aérea, incluindo quatro baterias Patriot, mísseis terra-ar especialmente eficazes para interceptar mísseis balísticos russos.
Alemanha, Holanda, Romênia e Itália também contribuirão.
A Rússia intensificou seus ataques com mísseis contra a Ucrânia, matando 43 pessoas e devastando o maior hospital infantil do país em Kiev nesta semana.
Os mísseis russos também destruíram metade da capacidade energética do país.
Mais de dois anos após a invasão russa, os aliados também se comprometerão a desenvolver sua indústria de defesa ucraniana, disse nesta quarta-feira o secretário-geral em fim de mandato da Otan, Jens Stoltenberg.
"Este novo compromisso envia uma mensagem inequívoca ao mundo", destacou Biden, que comemorou depois que 23 dos 32 países que fazem parte da aliança confirmaram que irão destinar 2% de seu PIB a gastos militares.
Os líderes também decidiram que a ajuda militar da Otan para a Ucrânia "no próximo ano" será no mínimo de 40 bilhões de euros (R$ 232 bilhões).
- A sombra de Trump -
A cúpula de Washington acontece em meio a uma incerteza política nos Estados Unidos, e Biden luta para conter uma rebelião de parlamentares democratas que pedem que ele desista da corrida por um segundo mandato contra Trump, após seu desastroso debate com o republicano.
Sobre a cúpula paira a sombra do ex-presidente Trump, cujas declarações a respeito da Otan parecem enfraquecer o princípio de assistência mútua previsto no Artigo 5º do Tratado.
"Espero que, qualquer que seja o resultado das eleições, os Estados Unidos continuem sendo um aliado forte e leal da Otan", declarou Stoltenberg.
O presidente finlandês, Alexander Stubb, admitiu, no entanto, que a polarização nos Estados Unidos é "muito tóxica".
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que ocupa a presidência rotativa da UE, terá a oportunidade de falar sobre suas polêmicas viagens a Moscou e Pequim.
O presidente ucraniano se encontrará com parlamentares antes de participar de um Conselho Otan-Ucrânia na quinta-feira, último dia da cúpula.
Também será uma data crucial para Biden, já que todas as atenções estarão voltadas para a coletiva de imprensa que o presidente americano tem prevista. O democrata será julgado não apenas por aquilo que vai dizer, como também pela maneira que o dirá.
A.Gonzalez--LGdM