Espanha irá exumar Primo de Rivera, fundador do partido fascista Falange
O governo de esquerda da Espanha informou nesta quinta-feira (20) que irá exumar o fundador do partido fascista Falange, José Antonio Primo de Rivera, de um mausoléu monumental perto de Madri, da mesma maneira que exumou o ditador Francisco Franco, enterrado no mesmo local.
A exumação de Primo de Rivera será realizada na próxima segunda-feira, informou uma fonte do governo sem indicar para qual cemitério os restos mortais serão transferidos.
"É mais um passo" para que "nenhuma pessoa seja exaltada, nenhuma ideologia que evoque a ditadura", disse aos jornalistas o ministro da Presidência, Félix Bolaños.
José Antonio Primo de Rivera, filho do ditador Miguel Primo de Rivera (1923-1930), foi executado em novembro de 1936 no início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), provocada por uma revolta militar contra o governo republicano.
Após a guerra civil, Franco governou com mão de ferro até sua morte, em 1975.
O túmulo do criador do Falange está localizado na Basílica do Vale dos Caídos, um gigantesco complexo católico a 50 km de Madri, onde Franco estava enterrado desde 1975 até que o governo do socialista Pedro Sánchez decidiu exumá-lo e transferi-lo para uma tumba mais discreta em 2019.
A exumação de Primo de Rivera ocorre após a lei que indeniza as vítimas da ditadura de Franco (1939-1975) entrar em vigor, em outubro.
De acordo com ministro Félix Bolaños, há alguns meses, a chamada Lei da Memória Democrática estabelece que "não pode haver lugar preeminente" de enterro "para as pessoas que protagonizaram (...) o golpe de estado" de 1936.
As autoridades da Espanha exumaram em novembro os restos mortais do general espanhol Gonzalo Queipo de Llano da igreja de La Macarena, em Sevilha (Andaluzia, sul).
Os restos mortais do general espanhol Gonzalo Queipo de Llano foram exumados em novembro da igreja de La Macarena, em Sevilha (Andaluzia, sul), pelas autoridades da Espanha.
Este general foi o mais alto comandante militar no sul da Espanha e é considerado responsável por milhares de execuções após o triunfo precoce da revolta militar de 1936, incluindo a do poeta Federico García Lorca.
Depois de chegar ao poder em 2018, Pedro Sánchez priorizou a reparação das vítimas da guerra civil e da ditadura de Franco.
A Lei da Memória Democrática contempla como principal medida que o Estado se encarregue, pela primeira vez, da busca e identificação das vítimas desaparecidas.
A direita, entretanto, acusa a esquerda de tentar reabrir as feridas do passado com o álibi da memória e prometeu revogar a lei caso volte ao poder nas eleições do final do ano.
R.Andazola--LGdM