Missão lunar de empresa privada japonesa fracassa
A primeira empresa privada japonesa a tentar pousar uma sonda na Lua perdeu contato com a espaçonave logo após o horário programado para o pouso e admitiu o fracasso da missão, nesta quarta-feira (tarde de terça, 25, em Brasília).
"Perdemos a comunicação" com a sonda do programa Hakuto-R, afirmou Takeshi Hakamada, fundador e diretor-executivo da empresa ispace, cerca de 25 minutos após a hora prevista para o pouso.
"Devemos assumir que não conseguimos completar a descida até a superfície lunar", acrescentou.
Funcionários da ispace disseram que continuarão tentando restabelecer contato com a sonda, que levava material de vários países, incluindo um 'rover' (veículo de exploração espacial) dos Emirados Árabes Unidos.
A Hakuto-R, uma sonda de 2 x 2,5 metros e 340 quilos, foi lançada em dezembro da base americana de Cabo Canaveral, na Flórida, em um foguete SpaceX, e estava em órbita lunar há um mês.
Tudo parecia correr conforme o planejado ao iniciar a operação totalmente automatizada que levaria a sonda ao solo lunar.
Mas depois de vários minutos de espera tensa e tentativas malsucedidas de restabelecer contato com a sonda, as equipes em terra tiveram que admitir que haviam perdido seu rastro.
o próprio Hakamada se encarregou de dar a má notícia em um vídeo da empresa, no qual garante que a ispace continuará com "seus esforços para futuras missões".
- Corrida lunar -
O sucesso da missão não era uma garantia. Em abril de 2019, um módulo da empresa israelense SpaceIL se chocou contra a superfície lunar.
Uma sonda indiana, chamada Vikram, teve o mesmo destino este ano.
Até agora, apenas Estados Unidos, Rússia e China conseguiram colocar um robô na Lua, localizada a cerca de 400 mil quilômetros da Terra, e em todos os casos em programas promovidos por seus respectivos governos.
A sonda carregava vários rovers, incluindo um modelo japonês em miniatura de apenas oito centímetros.
Também levava um dos Emirados, apelidado de Rashid, de 10 quilos, que teria sido o primeiro no mundo árabe a realizar uma missão lunar.
O pequeno país do Golfo, que em 2021 enviou uma sonda orbital a Marte, é o mais recente a se juntar à corrida espacial.
O projeto Hakuto (japonês para "coelho branco") foi um dos cinco finalistas na competição Lunar X do Google para pousar um 'rover' na Lua antes de 2018, um prazo que expirou sem um vencedor.
Com apenas 200 funcionários, a ispace explica que "quer estender a esfera da vida humana para o espaço e criar um mundo sustentável, fornecendo serviços de transporte de baixo custo e alta frequência para a Lua".
Hakamada garante que a missão estabelece "as bases para liberar o potencial da Lua e transformá-la em um sistema econômico robusto e vibrante".
A empresa acredita que a Lua poderá acomodar uma população de mil pessoas em 2040, além de 10 mil visitantes anuais.
Duas empresas americanas, a Astrobotic e a Intuitive Machines, planejam enviar uma missão de pouso na lua este ano.
Essas missões são realizadas em cooperação com a Nasa, que busca desenvolver a economia lunar e comissionou experimentos científicos e materiais de empresas privadas.
O programa americano Artemis pretende enviar voos tripulados à Lua nos próximos anos, a fim de estabelecer uma base lá e implantar uma estação espacial em órbita lunar.
O Japão e os Estados Unidos anunciaram no ano passado sua intenção de enviar um astronauta japonês à Lua antes do final desta década.
M.Lozano--LGdM