La Gaceta De Mexico - Habitantes de cidade russa de Orsk protestam contra gestão das inundações

Habitantes de cidade russa de Orsk protestam contra gestão das inundações
Habitantes de cidade russa de Orsk protestam contra gestão das inundações / foto: © Russian Emergencies Ministry/AFP

Habitantes de cidade russa de Orsk protestam contra gestão das inundações

Habitantes da cidade russa de Orsk, parcialmente submersa pelas águas, protestaram nesta segunda-feira (8) contra a gestão das autoridades das históricas inundações que assolam as regiões dos Urais e da Sibéria Ocidental.

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O rápido degelo e as chuvas torrenciais provocaram o transbordamento dos rios Ural e Tobol, perto da fronteira russa com o Cazaquistão, e as autoridades alertaram que as águas irão subir perigosamente nas próximas 48 horas.

Dezenas de pessoas manifestaram-se em Orsk, uma cidade de 220.000 habitantes que ficou inundada no fim de semana após o rompimento de uma barragem, em rara demonstração de dissidência na Rússia.

Vídeos divulgados em redes sociais mostraram pessoas gritando "Vergonha! Vergonha! Vergonha!" e "Putin, ajude", em referência ao presidente do país.

O mandatário russo não tem previsto visitar as regiões inundadas, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

As manifestações públicas contra o governo são ilegais na Rússia e são duramente reprimidas.

O gabinete do procurador de Orenburg, onde Orsk está localizada, advertiu nesta segunda-feira aos seus moradores que eles podem ser presos se participarem de manifestações "não autorizadas".

No final de semana, o governo regional assegurou que pagaria até 100.000 rublos (5.500 reais) por pessoa para os utensílios domésticos "completamente destruídos" nas inundações.

Por sua vez, nesta segunda-feira, o governador de Orenburg declarou que reembolsaria integralmente o custo dos danos nas casas, informou a agência de notícias RIA Novosti.

- Situação "crítica" -

Em Orsk, a cidade mais afetada pelas inundações até agora, 99 pessoas ficaram feridas e nove foram enviadas ao hospital, segundo autoridades sanitárias citadas pela imprensa estatal.

Outras cidades, como a capital regional homônima de Orenburg, com 550.000 habitantes, se preparam para um aumento do nível da água nos próximos dias.

As autoridades das regiões fronteiriças de Kurgan e Tyumen decretaram estado de emergência nesta segunda-feira.

"As previsões de inundação pioram rapidamente, com a água chegando cada vez mais rápido", alertou o representante da região de Kurgan, Vadim Shumkov, apelando para que os moradores deixem a região.

Segundo as autoridades locais, nesta segunda-feira, o nível do rio baixou nove centímetros em Orsk, mas subiu 16 centímetros em Orenburg.

O Kremlin classificou a situação de "crítica" e afirmou que provavelmente "pioraria".

"A natureza causou muitas inconveniências. Mas os moradores locais estão lidando com isso com firmeza, como as autoridades locais", declarou o porta-voz do Kremlin antes dos protestos em Orsk.

Milhares de pessoas foram evacuadas nas zonas inundadas. O Ministério de Situações de Emergência indicou nesta segunda que mais de 10.000 edifícios residenciais foram danificados nas regiões russas dos Urais, do Volga e da Sibéria Ocidental.

- Sem precedentes -

A agência meteorológica oficial da Rússia, Rosgidromet, anunciou um pico de enchentes em Orenburg e arredores na quarta-feira.

O prefeito da cidade, Sergei Salmin, indicou que a região não sofria enchentes dessa magnitude há décadas.

"Há muito tempo que não víamos tanta água em Orenburg. A última inundação deste tipo data de 1942", sublinhou o prefeito, citado pela imprensa russa.

A Rússia é regularmente afetada por fenômenos meteorológicos extremos, como enchentes ou incêndios florestais devastadores, muitas vezes acentuados pelos efeitos da mudança climática.

Putin, cujo país é um grande produtor de hidrocarbonetos, não nega a realidade da mudança climática, mas expressa dúvidas de que seja resultado de atividades humanas.

No entanto, garantiu que a adaptação da Rússia e das suas infraestruturas aos desafios do aquecimento global é uma prioridade.

S.Moreno--LGdM