Frente fria que deixou milhares de desabrigados no Chile se move em direção à Argentina
A frente fria que castigou grande parte do Chile com fortes ventos e chuvas se deslocou para a Argentina nesta quinta-feira (13), após causar uma morte e deixar mais de 3.000 desabrigados no centro e no sul do território chileno, segundo um relatório atualizado das autoridades.
Após mais de 24 horas de chuvas, "o pior do sistema frontal nas regiões de Coquimbo, Metropolitana, Valparaíso e O'Higgins já passou", disse o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve.
A frente fria seguiu sua trajetória em direção à Argentina, levando as autoridades chilenas a cancelarem o alerta meteorológico que haviam ativado na quarta-feira.
"Oitenta por cento deste sistema frontal já deixou o Chile e está no território argentino", acrescentou Monsalve.
A Direção Meteorológica do Chile emitiu um "alerta climático" incomum: o nível máximo de advertência à população por intensas chuvas e ventos para cinco das 16 regiões do país: Coquimbo (norte), Valparaíso e Metropolitana (centro), e O'Higgins, Ñuble e Biobío (sul).
A emergência afetou 14 milhões dos 20 milhões de chilenos e fez com que as autoridades declarassem estado de "catástrofe".
Na tarde desta quinta-feira, as chuvas também começaram a diminuir na capital chilena, onde este nível de alerta não era ativado havia duas décadas. A região central do Chile sofre com uma intensa seca há 15 anos.
O sul do Chile foi a área mais afetada pelas chuvas. Várias cidades ficaram inundadas após o transbordamento de vários rios.
"Precisamos de barcos para resgatar as pessoas", clamou um dos afetados na cidade de Curanilahue (Biobío), 600 km ao sul de Santiago, o epicentro das inundações, segundo as autoridades.
- Rio atmosférico -
Segundo o último relatório do Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred), as chuvas deixaram até o momento 3.297 pessoas desabrigadas, a grande maioria no sul do país.
Em um primeiro relatório nesta quinta-feira, o Senapred havia registrado 4.304 desabrigados. A frente fria também deixou um morto na cidade de Linares (sul).
Na localidade de Curanilahue, os rios Curanilahue e Las Ranas transbordaram após chuvas de cerca de 350 mm nas últimas horas, número que supera toda a precipitação da região no ano passado.
A ministra do Interior, Carolina Tohá, foi até o local para avaliar os danos e visitar centros de acolhida para os desabrigados. Cerca de 2.000 casas foram afetadas pelas águas.
Cerca de 33 mm de chuvas caíram em Santiago. Espera-se que o total alcance 80 mm, a mesma quantidade prevista para todo um mês de junho em um ano normal.
Na capital, onde vivem nove dos quase 20 milhões de habitantes do Chile, grande parte da população decidiu ficar em casa e inundações foram relatadas em algumas áreas periféricas.
Devido à emergência, as autoridades suspenderam as aulas na capital chilena e nas demais regiões afetadas e pediram que a população limitasse os deslocamentos.
Na cidade de Viña del Mar, 110 km a leste de Santiago, há alerta para o possível colapso de um prédio de 12 andares e 200 apartamentos no setor de Reñaca.
As chuvas do fim de semana provocaram uma cratera de 15 metros de extensão e de 30 metros de profundidade sob o edifício.
F.Castillo--LGdM